Juventude filipina impõe derrota a Marcos e fortalece Duterte nas eleições legislativas

247 - As eleições legislativas de meio de mandato nas Filipinas, realizadas na última segunda-feira (12), surpreenderam analistas políticos ao revelarem uma expressiva mobilização da juventude, resultando em uma significativa derrota para o presidente Ferdinand "Bongbong" Marcos Jr. e fortalecendo a posição da vice-presidente Sara Duterte-Carpio, atualmente enfrentando um processo de impeachment. As informações são do South China Morning Post .

Dos 12 assentos disputados no Senado, apenas cinco candidatos apoiados por Marcos Jr. conseguiram se eleger. Dois nomes inicialmente alinhados ao presidente — a senadora Imee Marcos, sua irmã, e a deputada Camille Villar — migraram para o grupo de apoio a Duterte-Carpio pouco antes da votação. Essa reconfiguração política enfraquece a base governista no Congresso e complica os esforços para condenar a vice-presidente em seu julgamento no Senado, previsto para julho.

O historiador Manolo Quezon classificou o desempenho de Marcos Jr. como "o quarto pior" de um presidente filipino em eleições legislativas desde 1938. O ex-deputado Barry Gutierrez, aliado da ex-vice-presidente Leni Robredo, afirmou: "A chapa do governo sofreu uma derrota de 5 a 7 nas eleições para o Senado. Isso é um resultado terrível para uma eleição de meio de mandato para um incumbente... uma clara rejeição a Bongbong Marcos."

Entre os eleitos, destacam-se os senadores Ronald “Bato” Dela Rosa e Imee Marcos, além do deputado Rodante Marcoleta e da deputada Camille Villar, todos com apoio direto de Duterte-Carpio. A vitória de figuras críticas à família Marcos, como os ex-senadores Bam Aquino e Kiko Pangilinan, também sinaliza um descontentamento popular com o atual governo.

A ascensão de jovens eleitores, especialmente da Geração Z e millennials, foi determinante nesse cenário. "A juventude entregou. Sempre subestimamos a Geração Z e os millennials, mesmo nas pesquisas", observou Gutierrez.

A nova composição do Senado, com uma presença significativa de aliados de Duterte-Carpio, pode dificultar a obtenção dos dois terços necessários para sua condenação no processo de impeachment. A vice-presidente enfrenta acusações de uso indevido de fundos confidenciais e ameaças contra o presidente e outros oficiais.

Analistas políticos, como Ronald Llamas, apontam que a derrota de Marcos Jr. enfraquece sua capacidade de governar e o torna um "presidente pato manco" antecipadamente. Llamas destaca ainda que o presidente não conseguiu capitalizar questões como o conflito no Mar do Sul da China e o sentimento anti-China entre os eleitores.

Além disso, a eleição marcou o retorno de figuras da oposição, como a ex-senadora Leila de Lima, que, após ser presa por seis anos sob acusações consideradas forjadas, foi eleita representante do grupo Mamamayang Liberal. A vitória de partidos como o Akbayan, liderado pela senadora Risa Hontiveros, e o Kabataan, representando a juventude, reforça a ideia de uma "onda rosa" ressurgente, simbolizando o desejo por uma governança mais ética e transparente.