Nvidia desafia tarifas dos EUA e reafirma compromisso com o mercado chinês
Empresa resiste à política protecionista de Washington e destaca a relevância da China para a inovação tecnológica global
247 – A visita recente de Jensen Huang, CEO da Nvidia, à China, apenas três meses após sua última agem pelo país, ganhou destaque na imprensa internacional por simbolizar uma postura de resistência frente às políticas comerciais agressivas dos Estados Unidos. Em editorial publicado pelo jornal Global Times, a reafirmação de Huang de que a Nvidia continuará a “servir inabalavelmente o mercado chinês” foi interpretada como um sinal claro de que, mesmo sob pressões e restrições impostas por Washington, há um movimento consistente entre empresas norte-americanas em favor da cooperação com a China.
Durante sua viagem, Huang não apenas enfatizou a importância estratégica da China para a Nvidia — definindo o país como “um mercado muito importante” — como também ressaltou que a trajetória de crescimento da empresa se deu em sintonia com o desenvolvimento do mercado chinês. “A Nvidia cresceu junto com o mercado chinês e alcançou o sucesso mútuo”, declarou o executivo. Essa afirmação ganha ainda mais peso diante das proibições do governo norte-americano à exportação de chips da série H20 para a China, além da nova rodada de tarifas contra produtos chineses.
Segundo o Global Times, essa postura sinaliza uma oposição indireta, mas significativa, de setores empresariais dos EUA à escalada protecionista liderada pela Casa Branca. Muitos empresários norte-americanos vêm demonstrando preocupação com o custo econômico e social das medidas adotadas por Washington. “Não precisamos pegar carona com o governo dos EUA; precisamos que ele nos abra caminho”, comentou, anteriormente, um líder empresarial dos EUA, citado no editorial.
O texto também destaca o impacto positivo da cooperação sino-americana no setor tecnológico. Huang afirmou que a colaboração com empresas chinesas fortaleceu a competitividade internacional da Nvidia. Para o editorial, isso reflete uma percepção crescente entre executivos: a China representa uma oportunidade, e não uma ameaça.
A crítica à política de confrontação dos EUA se estende a diversos setores da sociedade. Dados recentes do Pew Research Center apontam para uma mudança de percepção da população norte-americana em relação à China. Segundo a pesquisa, caiu significativamente o número de cidadãos que veem o país asiático como inimigo. A Bloomberg classificou o dado como “surpreendente”, observando que essa tendência contraria a retórica predominante sobre tarifas e contenção.
Além disso, plataformas como TikTok têm sido palco de uma inesperada valorização dos produtos chineses por parte dos consumidores norte-americanos, que vêm descobrindo a qualidade e os preços competitivos de produtos adquiridos diretamente de sites da China. Influenciadores digitais têm divulgado vídeos de “unboxing” com entusiasmo, impulsionando uma nova onda de popularidade do “Made in China”.
Apesar do discurso de confrontação vindo de Washington, a realidade econômica e social dos dois países aponta para um cenário de interdependência. “As políticas de tarifa abusiva ignoram o alto grau de complementaridade econômica entre China e EUA”, destaca o Global Times, argumentando que tais medidas têm gerado incertezas para os mercados e consumidores de ambos os países.
Exemplo disso é a recente decisão do governador da Califórnia, Gavin Newsom, de mover uma ação judicial contra o governo federal por conta do uso excessivo de tarifas comerciais. “Estamos defendendo as famílias americanas, que não podem mais conviver com esse caos”, afirmou Newsom.
A matéria ainda menciona uma pesquisa conduzida pelo Global Times Institute, revelando que cerca de 90% dos entrevistados, tanto nos EUA quanto na China, demonstram preocupação com a deterioração das relações bilaterais. A maioria manifesta apoio à intensificação dos laços comerciais, da cooperação climática e das trocas culturais. Para o editorial, esse sentimento popular, expresso também nas redes sociais, é um contraponto à retórica hostil e simplista propagada por certos setores da política norte-americana.
Ao final, o texto adverte que uma eventual insistência de Washington em promover o “desacoplamento” com a China pode se tornar politicamente insustentável. “A oposição crescente dos eleitores pode se tornar uma realidade política que Washington não poderá mais ignorar”, conclui o Global Times.
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