Trump impõe novas restrições a chips e causa prejuízo bilionário a empresas dos EUA
Medidas ampliam a guerra comercial com a China e afetam gigantes como Nvidia e AMD, que já perderam bilhões em ações e estoques
247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprofundou nesta semana sua ofensiva econômica contra a China ao expandir as restrições à exportação de chips de alta potência usados no desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial. A decisão, que amplia os controles comerciais iniciados pelo governo anterior de Joe Biden, deve provocar perdas bilionárias em empresas americanas do setor, relata reportagem do The Washington Post repercutida pela Folha de S. Paulo.
A medida atinge diretamente fabricantes como Nvidia e AMD, que já contabilizam prejuízos de bilhões de dólares em estoques e projeções financeiras. Em comunicado divulgado na noite de terça-feira (15), a Nvidia afirmou que o governo Trump a notificou sobre a proibição de exportar o chip H20, desenvolvido especificamente para atender às normas anteriores de exportação impostas durante o governo Biden. A empresa declarou que, com as novas restrições, será obrigada a cancelar US$ 5,5 bilhões em chips que estavam prontos para comercialização.
Na quarta-feira (16), foi a vez da AMD comunicar ao mercado que sofrerá uma baixa contábil de US$ 800 milhões em decorrência das mesmas restrições. Como resultado, as ações das duas companhias despencaram mais de 7% no pregão.
Em nota enviada a clientes, os analistas Ed Mills e Srini Pajjuri, da Raymond James, avaliaram: “está cada vez mais claro que o governo Trump está escalando continuamente a guerra comercial com a China”. Eles também preveem novas restrições à exportação de equipamentos usados na fabricação de semicondutores nas próximas semanas.
A repercussão das medidas foi sentida também na Europa. Christophe Fouquet, CEO da ASML — maior fabricante de equipamentos para chips no mundo, sediada na Holanda —, afirmou em teleconferência com investidores que as novas tarifas estão “criando uma nova incerteza” para o mercado. A empresa revisou sua previsão financeira para o próximo trimestre e teve suas ações desvalorizadas em mais de 5%.
Apesar de alguns produtos, como smartphones e componentes tecnológicos essenciais, estarem temporariamente isentos das tarifas, o setor de tecnologia como um todo já se prepara para novas perdas, à medida que a guerra comercial liderada por Trump se intensifica.
Além das restrições já em vigor, o Departamento de Comércio norte-americano anunciou na segunda-feira (14) uma investigação sobre os impactos das importações de chips e equipamentos relacionados na segurança nacional. O governo Trump informou que os resultados do inquérito servirão de base para a implementação de novas tarifas voltadas ao setor.
A China, por sua vez, respondeu às medidas retaliando com limites à exportação de minerais essenciais usados na fabricação de produtos de alta tecnologia, agravando ainda mais a tensão bilateral.
Outro ponto de atenção no horizonte é o prazo até 15 de maio para que o governo dos EUA decida se dará continuidade a uma proposta herdada do governo Biden, que visa estabelecer uma ampla estrutura de controle de exportações de semicondutores. Caso a nova diretriz seja implementada, a maior parte dos países estará sujeita a cotas ou proibições totais de compra de chips norte-americanos, com exceção de um pequeno grupo de aliados estratégicos dos Estados Unidos.
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