Trens esgotados e cidades cheias: tarifas não impedem boom turístico e comercial na China em feriado prolongado
Mesmo em meio à guerra comercial, gigante asiático registrou 314 milhões de viagens e bilhões em consumo durante o período entre 1 e 5 de Maio. Veja dados
Por Guilherme Paladino, de Pequim, para o 247 - Enquanto analistas ocidentais previam que as tarifas impostas pelos Estados Unidos poderiam frear o dinamismo da economia chinesa, novos dados oficiais sobre o feriado prolongado de 1º de Maio de 2025 — o tradicional Dia Internacional dos Trabalhadores — podem servir como um contraponto a tal entendimento. Por cinco dias, de 1º a 5 de maio, a China viveu um "boom" de movimentação econômica, consumo em massa e turismo interno, com indicadores que demonstram um pulso ainda forte da segunda maior economia do mundo.
De acordo com as estatísticas disponibilizadas por órgãos oficiais e noticiadas pela agência Xinhua ao longo dos últimos dias, o período movimentou 314 milhões de viagens internas, um crescimento de 6,4% em relação ao mesmo feriado do ano ado. A receita gerada por esse turismo chegou a 180,3 bilhões de yuans (cerca de 25 bilhões de dólares), 8% acima de 2024.
A demanda foi tamanha que, em diversas rotas de alta velocidade, os bilhetes esgotaram com semanas de antecedência. A reportagem do 247 tentou comprar agens de trem-bala entre Pequim e até mesmo cidades não tão cobiçadas durante o período, como Chengdu (capital da província de Sichuan), e não foi possível, mesmo uma semana antes do feriado. No total, o sistema de transportes da China contabilizou 1,47 bilhão de viagens, somando rodovias, ferrovias, aviação civil e transporte aquaviário — todos em alta.
A Região istrativa Especial de Macao, por exemplo, registrou 849 mil visitantes ao longo do feriado, crescimento de 40,7%. O dia 2 de maio foi o mais movimentado, com quase 222 mil entradas. A taxa de ocupação da rede hoteleira chegou a 94,1%.
Turismo internacional em retomada
A circulação internacional também teve desempenho relevante. A istração Nacional de Imigração da China registrou 10,9 milhões de entradas e saídas do país durante o feriado, uma alta de 28,7% na comparação anual. A entrada de mais de 380 mil estrangeiros com isenção de visto representou um salto de 72,7%.
Segundo o Banco Popular da China, o valor total de pagamentos realizados por estrangeiros aumentou 128% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o número de transações cresceu 244,86%. Os dados sugerem impacto direto das recentes flexibilizações nas políticas de entrada no país.

Consumo interno diversificado
No varejo e no setor de serviços, a movimentação também foi significativa. De acordo com a istração Tributária Estatal, o faturamento das empresas voltadas ao consumo cresceu 15,2%. Entre os destaques estiveram eletrodomésticos — com vendas de refrigeradores e lavadoras subindo 169,8%, TVs (153,1%) e smartphones (118%).
O setor de entretenimento comercial apresentou mais de 33 mil apresentações em todo o país durante os cinco dias, totalizando 2,16 bilhões de yuans em receita. Os festivais musicais com mais de 5 mil pessoas geraram 1,21 bilhão, enquanto apresentações artísticas em locais turísticos somaram 685 milhões de yuans em bilheteria, com público estimado em 5,58 milhões de pessoas.
A visitação a museus registrou 60,49 milhões de entradas — 17% a mais que no ano anterior — e o movimento em áreas noturnas de lazer e cultura ultraou 76 milhões de visitantes.
Novas tendências e inovação
Cidades como Suzhou e Qingcheng Mountain investiram em tecnologias emergentes para otimizar a experiência turística. Houve o uso de inteligência artificial para controle de fluxo e aplicação de robôs e drones em serviços de apoio ao visitante. O chamado "turismo de bem-estar", que une saúde, lazer e medicina tradicional, também se destacou, com aumento no número de visitantes em locais como Mogan Mountain (Zhejiang) e Bama (Guangxi).
A tendência se alinha ao plano nacional “Saúde China 2030”, e o setor teve mais de 173 mil novos registros comerciais apenas no primeiro trimestre do ano.
Felizmente para o Partido Comunista da China (PCCh), tais dados - assim como ocorreu durante o Festival de Primavera - trazem uma boa notícia diante das recentes turbulências geopolíticas: a China mantém um mercado interno forte e uma retomada gradual do setor de turismo internacional.
Embora o impacto total das medidas norte-americanas deva ser avaliado a médio prazo, os dados recentes indicam que o consumo interno segue como um importante motor da economia local, auxiliado por políticas de estímulo ao turismo, infraestrutura de transporte robusta e aposta em inovação.
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