"China lidera frente unida global", diz Pepe Escobar

247 – Em vídeo transmitido no YouTube, no programa Pepe Café, o analista geopolítico Pepe Escobar relatou diretamente de Hong Kong suas impressões sobre o atual papel da China na reorganização das relações globais. Segundo Escobar, a China já comanda os principais movimentos no tabuleiro internacional, impulsionando uma frente unificada de países do Sul Global contra a ofensiva comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que iniciou seu segundo mandato em 2025.

Logo no início da transmissão, Escobar destacou o sentimento de "casa" ao retornar a Hong Kong, uma cidade que conhece profundamente após décadas de residência e cobertura jornalística na Ásia. "É difícil falar de forma imparcial, porque aqui é minha casa", afirmou. Ele explicou como a trajetória da cidade, de colônia britânica a região istrativa especial da China, é central para entender as transformações atuais.

A nova configuração global

Escobar analisou que a guerra comercial iniciada durante o primeiro mandato de Trump, em 2018, preparou a China para resistir a novas ofensivas. "Todos nós que acompanhamos o universo chinês sabemos que a primeira guerra comercial preparou a China para as próximas", pontuou. Desde então, o programa Made in China 2025 fortaleceu a liderança chinesa em setores de alta tecnologia, com a China ocupando hoje o primeiro lugar em sete dos dez setores estratégicos.

Agora, com a retomada da guerra tarifária sob Trump 2.0, a China, segundo Escobar, demonstra autoconfiança e capacidade de coordenação diplomática e econômica com parceiros globais. Ele ressaltou que a resposta chinesa não é apenas reativa: "O século da humilhação foi superado, e a China não vai ceder à intimidação", afirmou, referindo-se ao período histórico de dominação ocidental iniciado no século XIX.

Hong Kong entre dois mundos

Ao comentar sobre a atual situação de Hong Kong, Escobar abordou a necessidade da cidade de se reinventar após a perda de seu papel histórico como intermediária entre o Ocidente e o mercado chinês. "Hong Kong terá que se integrar cada vez mais à Grande Área da Baía", destacou, referindo-se ao ambicioso projeto de integração regional que conecta Hong Kong a cidades como Shenzhen e Guangzhou.

Ele também relembrou o processo de descolonização de Hong Kong, enfatizando o significado simbólico do fim do domínio britânico. "O século de humilhação não se repetirá", afirmou, apontando para a crescente assertividade da diplomacia chinesa.

O avanço chinês e o futuro do Sul Global

Durante sua agem por Shangai e Hong Kong, Escobar observou de perto o dinamismo econômico chinês, particularmente na Feira de Cantão, uma das maiores exposições de manufatura do mundo. "O capitalismo produtivo da China está acelerando", analisou, citando o crescimento de 5% do PIB no primeiro trimestre de 2025.

Ele alertou, no entanto, que Pequim não demonstra pressa para negociar com Washington, ciente de que a guerra comercial de Trump visa não apenas a China, mas também os BRICS e o Sul Global como um todo. "É uma guerra contra a maioria global", concluiu.

Ao final da transmissão, Escobar refletiu sobre o que chamou de "esperança chinesa" de construir um novo sistema internacional mais justo. "Todos nós do Sul Global esperamos que isso possa acontecer", disse, encerrando sua análise em um tom otimista. Assista: