PL da Anistia foi “inflado” por pressão bolsonarista e agora sofre debandada, avaliam líderes do Centrão
Centrão recua e líderes articulam retirada simbólica de apoios; PL ameaça obstrução em resposta
247 - A proposta de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro sofreu um revés significativo nesta semana na Câmara dos Deputados. Apoio ao projeto, inicialmente inflado por s de parlamentares sob pressão, começou a ruir após articulações de líderes do Centrão, que convenceram o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a segurar a votação do requerimento de urgência.
A medida foi tomada após reunião nesta quinta-feira (24), em que apenas os partidos PL e Novo defenderam a análise imediata da urgência. As demais siglas, inclusive do próprio Centrão, alinharam-se à base do governo Lula, em um movimento que isolou a oposição e evidenciou a perda de tração da proposta.
“Especificamente sobre o tema da urgência da anistia, foi decidido pelo adiamento da pauta desse requerimento. Isso não está dizendo que nós não seguiremos dialogando pela busca de uma solução para o problema. Tenho que, enquanto presidente, decidir a pauta. A pauta é um dever do presidente”, afirmou Hugo Motta à imprensa, ao comentar a decisão.
Líderes partidários relataram que deputados de suas bancadas, embora tenham assinado o requerimento de urgência, buscaram os dirigentes para pedir que o tema fosse retirado da pauta. O temor de uma crise com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o possível travamento de pautas econômicas e sociais relevantes pesaram na decisão.
Ainda na noite de quarta-feira (23), após um jantar com o presidente Lula, Motta consultou os líderes, que sinalizaram não apoiar a análise do texto. O gesto blindou o presidente da Câmara e reforçou a disposição das bancadas de centro em evitar o acirramento político com o Judiciário.
Após a movimentação de Motta, o projeto começou a sofrer a debandada de deputados que am o requerimento de urgência. A deputada Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, retirou sua do projeto. Embora o Regimento Interno da Câmara não permita a retirada formal de s após o protocolo, o gesto tem peso político e reforça o movimento de recuo. Ela integra o grupo que defende uma “modulação” nas punições — com penas mais brandas para quem cometeu infrações de menor gravidade.
A bancada do PT e articuladores do Palácio do Planalto estão mobilizados para ampliar essa debandada, incentivando a retirada simbólica de apoios como forma de esvaziar a proposta e isolar o PL.
Diante do revés, o PL reagiu com ameaças. O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do partido, se insurgiu contra Motta e afirmou que a legenda pode romper com a presidência da Câmara. Segundo ele, se a urgência da anistia não for pautada, o partido poderá monopolizar as emendas nas comissões e entrar em obstrução nas votações, tanto no plenário quanto nas comissões temáticas.
Na quinta-feira, após a reunião, Cavalcante reafirmou que o PL tentará impedir votações em todas as frentes possíveis. Em tentativas anteriores, o partido conseguiu paralisar comissões, mas não teve êxito em barrar votações no plenário principal.
A movimentação do Centrão, ao retirar apoio e chamar para si a responsabilidade pelo travamento da proposta, evidencia uma mudança de postura em relação ao tema. Líderes dessas bancadas já indicam disposição para discutir um texto alternativo, desde que ele não contemple o perdão ir aos envolvidos nos atos golpistas.
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