Francis Bogossian: retomada da indústria é também da engenharia

247 – Durante a celebração do Dia da Indústria no BNDES, realizada com apoio do Brasil 247, da TV 247 e da Agenda do Poder, o engenheiro Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia, defendeu com veemência o papel estratégico da engenharia nacional no processo de reindustrialização do país. 

Logo no início de sua fala, Bogossian foi direto ao ponto: “Não há industrialização sem engenharia nacional forte. A engenharia é inteligência aplicada da indústria.” E explicou: “É ela que transforma ciência em produto, inovação em processo produtivo, projeto em política pública.”

O engenheiro lembrou que a história do Brasil oferece exemplos concretos da centralidade da engenharia no avanço industrial, como a construção da ponte Rio-Niterói, em que atuou diretamente, além de projetos como Itaipu, as plataformas da Petrobras e o programa Proálcool. “Esses marcos não foram espontâneos, resultaram de política de Estado, formação de engenheiros e investimentos coordenados em P&D”, frisou.

Desmonte da engenharia e consequências

Ao tratar do desmonte do setor, Bogossian fez críticas contundentes: “A engenharia consultiva perdeu espaço para firmas estrangeiras. A descontinuidade de obras públicas eliminou milhares de empregos qualificados. Os grandes projetos estruturantes foram desmobilizados. A Lava Jato foi um agente importante do desmonte do parque industrial e de toda a engenharia.”

Segundo ele, o resultado desse processo foi a desindustrialização, a perda de complexidade produtiva e a fuga de cérebros. “As grandes, médias e pequenas empresas sofreram. E os trabalhadores também.”

Sinais positivos de retomada

Apesar do cenário adverso, Bogossian reconheceu mudanças recentes que apontam para um novo ciclo. “O novo PAC reincorpora obras estruturantes com exigência de engenharia nacional. A Petrobras retomou encomendas com conteúdo local e engenharia integrada. O BNDES e a Finep voltaram a apoiar projetos industriais com inovação embutida.”

Ele destacou, ainda, que o programa Nova Indústria Brasil “reconhece a centrabilidade da engenharia como ativo estratégico” e apontou: “Estamos assistindo a um movimento de revalorização da engenharia como vetor da neoindustrialização. O desafio agora é transformar esses sinais em política de Estado com continuidade e ambição estratégica.”

Reconstruir a capacidade de sonhar grande

Para Bogossian, retomar a engenharia significa mais do que reativar um setor: “É reconstruir a capacidade do Brasil de sonhar grande, executar com competência e competir com soberania.” Ele defendeu que a reindustrialização do país exige recolocar a engenharia no centro do projeto nacional.

O presidente do Clube de Engenharia lembrou o papel histórico da entidade, fundada em 1880, e sua missão agregadora: “Temos por princípio uma política unificadora, sediando entidades de todo o Brasil unidas pela luta pelo fortalecimento da engenharia.”

Prevenção de desastres e foco social

Francis Bogossian também ressaltou o papel da engenharia em áreas essenciais como habitação, saúde, saneamento e, especialmente, prevenção de desastres naturais. “É melhor prevenir do que remediar. Você gasta muito menos fazendo a prevenção do que mitigando depois do acidente, sem falar nas vidas perdidas.”

Ele defendeu projetos públicos que aproximem moradia e local de trabalho, e criticou entraves parlamentares motivados por interesses pessoais ou partidários. “Nós engenheiros estamos apostos, com forte disposição e movidos por muita esperança. Queremos ser soldados nessa luta desenvolvimentista brasileira.”

Lula e a valorização da engenharia

Ao final, Bogossian citou o presidente Lula, em discurso recente no Fórum Empresarial Brasil-China, como inspiração: “Quantos milhões de engenheiros os chineses formaram nos últimos anos? [...] Quando você exporta engenharia, você está exportando serviço e está ganhando dinheiro.”

E concluiu com um agradecimento direto: “Encerramos com os agradecimentos da Engenharia Nacional ao Brasil 247, um grande aliado nesse nosso propósito de alavancar a engenharia à estatura que ela sempre teve, tem e merece em prol do desenvolvimento da nação brasileira.” Asssita: