Trump volta a criticar Xi Jinping e aumenta tensão com a China: "extremamente difícil de fazer um acordo"
Presidente dos EUA reforça críticas a Pequim em meio a ime comercial e incertezas sobre conversa com líder chinês
247 - Em nova escalada verbal que ameaça o frágil cessar-fogo comercial entre as duas maiores economias do planeta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o líder chinês Xi Jinping, afirmando que ele é "extremamente difícil de fazer um acordo". As declarações foram publicadas durante a madrugada na plataforma Truth Social, levantando dúvidas sobre o rumo das negociações entre Washington e Pequim, informa reportagem da Bloomberg repercutida pelo jornal O Globo.
Trump escreveu: “eu gosto do Presidente Xi da China, sempre gostei e sempre vou gostar, mas ele é muito duro, e extremamente difícil de fazer um acordo!!!". O post gerou reações cautelosas no mercado, que já vinha monitorando o aumento das tensões sino-americanas.
Pequim reagiu com parcimônia. Em entrevista coletiva, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, afirmou que “o princípio e a posição da China no desenvolvimento das relações China-EUA são consistentes”, sem entrar em confronto direto com as declarações de Trump.
Desde a trégua tarifária firmada em maio, a relação entre os dois países voltou a se deteriorar. Nas últimas semanas, o governo Trump anunciou uma série de medidas contra interesses chineses, incluindo a proibição de envio de componentes essenciais para motores a jato, restrições ao o de empresas chinesas a softwares de design de chips e novas sanções à Huawei. Também foi anunciado um plano para começar a revogar vistos de estudantes chineses.
No plano geopolítico, as fricções também se intensificaram. O governo chinês protestou formalmente após o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, declarar em reunião com autoridades militares que a China representa uma ameaça iminente à ilha de Taiwan — território que Pequim considera parte inalienável do país.
Apesar do contexto de tensão, Trump ainda acena com a possibilidade de diálogo. Na sexta-feira, em conversa com jornalistas no Salão Oval, o presidente norte-americano expressou desejo de conversar com Xi Jinping. "Tenho certeza de que falarei com o presidente Xi e, com sorte, resolveremos isso”, afirmou. Trump acusou a China de ter descumprido parte do acordo firmado em Genebra para redução de tarifas. A acusação foi prontamente rejeitada por Pequim.
A Casa Branca, até o momento, não confirmou oficialmente uma ligação entre os líderes, mas segue insistindo que essa conversa poderá ocorrer “provavelmente” ainda nesta semana. Pequim, por sua vez, evita confirmar qualquer plano nesse sentido.
Um dos principais pontos de ime diz respeito aos chamados minerais críticos, especialmente os ímãs de terras raras. Autoridades do governo Trump sustentam que Pequim não cumpriu o suposto compromisso de suspender os controles sobre essas exportações. Contudo, de acordo com o analista Cory Combs, da Trivium China, os dois lados parecem ter interpretações distintas sobre o que foi acordado em Genebra. “Do lado dos EUA, agora parece claro que havia a impressão de que Pequim removeria completamente a exigência de uma aprovação”, disse Combs à Bloomberg TV. “Mas não é isso que Pequim parece achar que foi acordado".
Além disso, o governo chinês acusa os Estados Unidos de imporem unilateralmente novas restrições “discriminatórias” e promete retaliações caso Washington siga adiante com as sanções.
Embora Trump tenha dito que uma conversa direta é essencial para resolver as divergências, Xi Jinping tem preferido manter o diálogo por meio de seus assessores, resistindo a conversas diretas com o presidente norte-americano.
Enquanto isso, a economia chinesa segue em uma trajetória ambígua. Se por um lado os estímulos fiscais e os gastos do governo impulsionaram o crescimento no início do ano, por outro, o setor manufatureiro enfrenta retração e os preços dos imóveis continuam em queda, pressionando o consumo interno.
Trump já havia sinalizado a intenção de retomar conversas com Xi ainda em fevereiro, chegando a se dizer disposto a viajar até a China. Até agora, no entanto, nenhum encontro bilateral foi agendado.
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