Rússia rejeita ultimato europeu e propõe solução duradoura para conflito na Ucrânia
Kremlin reitera disposição para negociações sem precondições e acusa União Europeia de recorrer a ameaças inaceitáveis
247 - Em resposta direta à ameaça de novas sanções por parte da União Europeia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta que a Rússia não aceitará ser pressionada por "linguagem de ultimatos". A declaração foi dada nesta segunda-feira (12), um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, propor o reinício de negociações de paz com a Ucrânia, sem qualquer precondição. A notícia foi originalmente divulgada pela emissora RT, com base em coletiva de imprensa concedida por Peskov a jornalistas em Moscou.
“Não se pode falar com a Rússia nessa linguagem”, disse o porta-voz, em referência às declarações da Alemanha, que ameaçou impor novas sanções . Para o Kremlin, a tentativa de impor condições prévias e prazos rígidos demonstra que os países europeus — em especial aqueles da chamada “coalizão dos dispostos”, formada por França, Alemanha, Reino Unido e Polônia — insistem numa postura arrogante e contraproducente.
Peskov reiterou que a proposta de Putin, apresentada publicamente no domingo, é clara: a Rússia está pronta para retomar imediatamente as negociações diretas com Kiev, desde que sem exigências prévias de qualquer natureza. Segundo ele, essa disposição visa uma solução de longo prazo para o conflito e não apenas uma interrupção temporária dos combates.
“Estamos comprometidos em encontrar uma verdadeira resolução diplomática para a crise ucraniana, abordando as causas profundas do conflito e alcançando uma paz duradoura”, afirmou Peskov, ao explicar os objetivos do Kremlin. Ele também disse que a Rússia propõe que o novo processo de negociações aconteça em Istambul, retomando o formato de conversações que já havia sido testado em fases anteriores do conflito.
O governo ucraniano, por sua vez, condicionou qualquer diálogo a uma trégua de 30 dias. A proposta recebeu apoio imediato de várias capitais europeias, o que levou a Alemanha a ameaçar Moscou com novas sanções caso não aceitasse o cessar-fogo. Peskov, no entanto, alertou que há “preocupações cruciais” que precisam ser discutidas antes da implementação de qualquer pausa nos combates.
Entre os principais receios da Rússia está a possibilidade de a trégua ser utilizada por Kiev para reagrupar tropas, reorganizar posições e intensificar sua mobilização militar — o que, segundo o Kremlin, seria uma violação do espírito de qualquer negociação autêntica.
Apesar disso, o porta-voz não descartou a ideia de um cessar-fogo em si. “Estamos abertos à ideia de uma trégua, em geral”, declarou Peskov, acrescentando que a Rússia exige garantias reais de que qualquer interrupção nas hostilidades será acompanhada de compromissos concretos e verificáveis por parte da Ucrânia e de seus apoiadores.
A proposta russa contrasta com a postura da União Europeia, que insiste em tratar Moscou com ameaças e condições unilaterais. Para o Kremlin, essa abordagem não só é ineficaz, como também contribui para o prolongamento do conflito, ao inviabilizar um ambiente político minimamente confiável entre as partes.
Ao insistir na disposição para negociações sem precondições, a Rússia tenta reforçar a narrativa de que está interessada numa saída política e diplomática para a guerra — uma posição que, para Moscou, deveria ser reconhecida como responsável e razoável. Nesse sentido, a tentativa da União Europeia de impor sanções adicionais aparece, do ponto de vista russo, como uma escalada desnecessária e uma prova de que o bloco continua agindo mais como parte do conflito do que como agente da paz.
A proposta de Putin representa uma abertura rara em meio a um cenário marcado por escaladas militares, sanções econômicas e desconfiança mútua. Mas o gesto, até o momento, encontra resistência tanto em Kiev quanto nas capitais ocidentais, que insistem em manter o confronto e a pressão sobre Moscou, ao invés de explorar seriamente o caminho do diálogo.
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