Líderes europeus vão a Kiev e ameaçam sanções mais duras contra a Rússia
França, Alemanha, Reino Unido e Polônia buscam influenciar negociações futuras sobre a guerra na Ucrânia
247 - Os líderes da França, Alemanha, Reino Unido e Polônia chegaram juntos à capital ucraniana no último sábado para uma demonstração de unidade estratégica. Emmanuel Macron, Friedrich Merz, Keir Starmer e Donald Tusk se reuniram com Volodymyr Zelensky em um gesto que mira além do campo de batalha – a ofensiva é, agora, também diplomática.
A visita, carregada de simbolismo, ocorre num momento em que a guerra na Ucrânia se arrasta para seu quarto ano, e o equilíbrio internacional parece ameaçado por uma possível reconfiguração geopolítica, com o avanço de negociações diretas entre Washington e Moscou. Os europeus querem impedir que os destinos da guerra – e da Ucrânia – sejam decididos sem sua presença.
Em vez de prometer tropas ou uma escalada militar direta, o quarteto europeu optou por uma abordagem de “sinal estratégico”: ameaçar novas e severas sanções econômicas como forma de forçar o presidente russo, Vladimir Putin, à mesa de negociações e à aceitação das exigências ucranianas.
A principal carta na manga seria um embargo total ao petróleo russo, além do apoio a sanções secundárias impostas pelos Estados Unidos contra países ou empresas que ajudem Moscou a driblar as restrições em vigor. Trata-se de uma escalada econômica planejada para atingir os pilares financeiros da força militar russa.
“Estamos prontos para medidas que irão doer”, disse uma fonte próxima ao Palácio do Eliseu, sede da Presidência sa. “É uma forma de mostrar que, mesmo sem recorrer à força militar, a Europa tem meios de pressionar o Kremlin.”
Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, os Estados europeus oscilaram entre apoio militar, receio de provocar uma escalada com a Rússia e temor de depender demais da iniciativa dos EUA. Agora, o eixo europeu parece decidido a não ser espectador.
A visita a Kiev marca o renascimento de uma atuação diplomática autônoma. “É o movimento mais contundente da Europa desde o início da guerra”, avalia o cientista político alemão Thomas Heine. “Eles entenderam que, se não tomarem parte nas decisões, poderão ser reduzidos a irrelevância.”
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu a visita e o gesto de solidariedade, mas reforçou pedidos antigos: mais armas, mais defesas antiaéreas e garantias reais de adesão à União Europeia e à Otan.
“Sanções são importantes, mas não vencem batalhas”, teria dito Zelensky, segundo fontes do governo ucraniano. Internamente, o desgaste da guerra aumenta, e o presidente sabe que o tempo corre contra sua coalizão.
A movimentação diplomática também alimenta especulações sobre o surgimento de uma nova arquitetura de segurança europeia, mais independente da aliança transatlântica tradicional. A questão-chave será saber se os líderes europeus estão dispostos a sustentar esse novo papel com ações de longo prazo, e não apenas com gestos simbólicos.
Por ora, o sinal foi dado: a Europa quer ser ouvida, quer influenciar e quer decidir. Resta saber se os demais jogadores do tabuleiro – especialmente Putin e Trump – aceitarão dividir esse espaço.
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