Rússia continua à espera de delegação ucraniana para retomada de negociações de paz em Istambul

247 - Os negociadores russos estarão à disposição para retomar o diálogo com a Ucrânia em Istambul, na Turquia, nesta sexta-feira, 16 de maio. A informação foi confirmada pelo chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, assessor do Kremlin, em declaração divulgada pela agência estatal russa TASS.

“Amanhã de manhã, literalmente a partir das 10h, estaremos aguardando a chegada do lado ucraniano para a reunião. Estamos prontos para trabalhar”, afirmou Medinsky na quinta-feira, reforçando a disposição do governo russo para retomar o processo de negociação interrompido há três anos.

O gesto russo ocorre após pronunciamento do presidente Vladimir Putin, feito no último domingo (11), no qual convidou as autoridades de Kiev a voltarem à mesa de negociações de forma direta e “sem quaisquer condições preliminares”. O líder russo sugeriu que o novo encontro ocorresse a partir de 15 de maio, na cidade de Istambul, destacando que seu governo tem buscado manter abertas as vias diplomáticas desde o início do conflito.

Putin lembrou que Moscou já havia declarado cessar-fogo em diversas ocasiões ao longo da guerra, incluindo uma trégua especial de três dias durante as celebrações do Dia da Vitória — comemorado em 9 de maio — mas, segundo ele, essas iniciativas foram “violadas pelo regime de Kiev”.

Em preparação para o novo esforço diplomático, o presidente russo nomeou oficialmente os integrantes da delegação que irá compor o time de negociação. Além de Medinsky, farão parte das conversas o vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Galuzin; o chefe da Diretoria Principal de Inteligência do Estado-Maior General das Forças Armadas Russas, Igor Kostyukov; e o vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin.

Ainda não há confirmação oficial por parte de Kiev sobre a presença da delegação ucraniana, tampouco sobre a composição de sua equipe.

A escolha de Istambul como sede das negociações repete o cenário de encontros realizados em 2022, quando Turquia e Belarus chegaram a sediar rodadas diplomáticas antes do colapso do processo. À época, as negociações foram suspensas após imes sobre a neutralidade ucraniana, o reconhecimento das regiões separatistas do Donbass e a situação da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

A presença de altos representantes da Defesa e da Inteligência na delegação russa indica que Moscou pretende tratar não apenas de temas políticos e diplomáticos, mas também de aspectos estratégicos e militares do conflito. Ainda assim, não se sabe até que ponto a Ucrânia aceitará iniciar tratativas sob os termos colocados por Putin.

O desenrolar das próximas 48 horas será crucial para avaliar se há margem real para retomada das negociações ou se o gesto russo se limitará a uma iniciativa unilateral. Caso confirmada a presença da delegação ucraniana, este poderá ser o início de uma nova fase no esforço por paz, após mais de dois anos de guerra devastadora no leste europeu.