Desencontro entre delegações esvazia primeiro dia de negociações de paz em Istambul
Encontro de paz entre Rússia e Ucrânia emperra em Istambul sob pressão ocidental e ausência de consensos
247 - As negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, iniciadas nesta quinta-feira (15) em Istambul, Turquia, revelam a complexidade e os interesses conflitantes que permeiam o conflito.
As delegações de ambos os países chegaram a cidades diferentes e aram o dia questionando se de fato se encontrariam. Ao final da tarde, não havia definição clara sobre horário, formato ou mesmo a viabilidade do encontro, que poderia ser adiado para sexta-feira (16).
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em visita oficial à capital turca, Ancara, criticou o Kremlin por ter enviado "apenas uma delegação de segundo escalão" a Istambul, onde a Rússia desejava que as conversas ocorressem. “Não há horário da reunião, não há pauta da reunião, não há delegação de alto nível”, declarou em entrevista coletiva ao lado do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. E completou: “Acho que a atitude da Rússia não é séria”.
Por fim, o líder ucraniano decidiu encaminhar uma equipe reduzida a Istambul, liderada por seu ministro da Defesa, Rustem Umerov, para iniciar negociações pela paz nesta sexta-feira.
A ausência do presidente russo, Vladimir Putin, e a presença de uma delegação de menor escalão liderada por Vladimir Medinsky, ex-ministro da Cultura, foram interpretadas por analistas como um sinal de que Moscou não está disposta a ceder em suas exigências.
Interferência dos EUA
As conversas também foram marcadas pela presença indireta dos Estados Unidos, com o governo do presidente Donald Trump assumindo papel de ator central, porém de maneira controversa.
De dentro do Air Force One, em viagem ao Oriente Médio, Trump afirmou que “nada vai acontecer até que Putin e eu nos encontremos”. O republicano disse ainda que poderia viajar à Turquia na sexta-feira, “se algo acontecer” nas conversas, embora nenhum plano formal tenha sido anunciado.
Apesar da insistência dos Estados Unidos em se colocar como mediador, o Secretário de Estado Marco Rubio reconheceu a impaciência da Casa Branca com a falta de avanços. Em Antália, também na Turquia, onde participa de outros compromissos diplomáticos, ele afirmou que o governo Trump está “aberto a praticamente qualquer mecanismo” que viabilize um cessar-fogo duradouro.
No entanto, a própria atuação americana, desde fevereiro, tem sido marcada por um desequilíbrio: enquanto pressiona Zelensky a ceder, propõe a Putin vantagens econômicas como incentivo à trégua — estratégia que, até agora, não produziu resultados.
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