'Reconhecer o Estado Palestino é mais que dever moral. É exigência política e realista', diz presidente da França
Emmanuel Macron disse, ainda, que a Europa deve endurecer posição contra Israel, caso não seja apresentada uma resposta para a crise humanitária em Gaza
247 - O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que o reconhecimento de um Estado palestino “não é simplesmente um dever moral, mas uma exigência política e realista”. Segundo a RFI, Macron advertiu que, diante da situação em curso na Faixa de Gaza, os países europeus terão que “adotar uma postura coletiva mais rígida” contra Israel caso o governo israelense não apresente, nas próximas horas e dias, uma resposta proporcional à crise humanitária. A declaração foi feita ao lado do primeiro-ministro de Singapura, Lawrence Wong.
Durante a coletiva, Macron adiantou ainda alguns dos temas que estarão em pauta em uma conferência internacional a ser realizada na sede da ONU, em Nova York, entre os dias 17 e 20 de junho. O encontro, que será copresidido por França e Arábia Saudita, deve discutir a criação de um Estado palestino com garantias de reconhecimento a Israel e de segurança para toda a região.
“A criação de um Estado palestino (...) que reconheça Israel e seu direito de viver em segurança, e a criação de uma arquitetura de segurança na região, são o único resultado desejável para a segurança de todos e o único que garantirá a paz na região”, afirmou o presidente francês.
Macron também defendeu a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, a desmilitarização do grupo e sua exclusão do futuro governo palestino, além da reforma da atual Autoridade Palestina.
A declaração de Macron ocorreu no último dia de uma intensa viagem de seis dias pela região, com agens por Vietnã, Indonésia e Singapura. A missão teve como objetivo central o fortalecimento das relações comerciais e estratégicas com países do Sudeste Asiático, num cenário de crescente tensão entre China e Estados Unidos e de pressões tarifárias por parte do governo norte-americano, liderado pelo presidente Donald Trump.
A primeira etapa da turnê foi em Hanói, capital vietnamita, onde a França assinou contratos que ultraam 9 bilhões de euros em setores como defesa, aviação, energia e tecnologia. Entre os destaques está a venda de 20 aeronaves Airbus A330neo para a companhia VietJet e um compromisso para desenvolver satélites de observação em parceria com o governo local.
A agenda seguiu para a Indonésia, onde Macron participou de encontros com o presidente indonésio Prabowo Subianto. Além de uma carta de intenção para a compra de 42 caças Rafale, dois submarinos Scorpène e 13 radares de longo alcance, a visita teve forte conotação diplomática.
Ainda de acordo com a reportahem, Subianto afirmou que Jacarta poderia vir a reconhecer Israel, desde que este reconheça previamente a soberania de um Estado palestino. Macron saudou a proposta e reafirmou o papel da França na busca por uma solução pacífica para o conflito. O líder indonésio acrescentou: “A França continuará apoiando os os rumo à independência da Palestina e vai seguir pressionando por um cessar-fogo imediato em Gaza”.
Em Singapura, além dos encontros oficiais com o presidente Tharman Shanmugaratnam e com o premiê Lawrence Wong, Macron participou de uma cerimônia no Parlamento e acompanhou a de diversos acordos bilaterais em áreas como inteligência artificial, defesa, segurança, justiça e transportes. A visita também celebrou os 60 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Em 2024, a França se consolidou como o segundo maior parceiro comercial de Singapura na União Europeia, com um volume de comércio de 21,5 bilhões de dólares locais.
Na noite desta sexta-feira, Macron fará a abertura oficial do Diálogo de Shangri-La, considerado o mais importante fórum asiático sobre segurança e defesa. Será a primeira vez que um chefe de Estado europeu inaugura o evento. O presidente deve usar a oportunidade para reforçar a imagem da França — e da União Europeia — como defensores da ordem multilateral e de um comércio internacional baseado em regras, em contraste com o que chamou de "práticas coercitivas e predatórias" tanto dos Estados Unidos quanto da China, segundo o Palácio do Eliseu.
A delegação sa que acompanha o presidente na missão inclui a primeira-dama Brigitte Macron e ministros das áreas de Economia, Defesa, Relações Exteriores, Cultura e Inteligência Artificial, além de outras autoridades de alto escalão.
O início da viagem foi marcado por um momento inusitado que viralizou nas redes sociais: ao desembarcar no aeroporto de Hanói, no último domingo (25), Macron recebeu um leve empurrão no rosto, aparentemente dado por sua esposa, Brigitte. O Palácio do Eliseu inicialmente tentou desmentir a veracidade do vídeo, mas depois minimizou o ocorrido, classificando-o como uma “brincadeira de casal” antes da abertura oficial da agenda diplomática.
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