Hamas anuncia revisão de nova proposta de cessar-fogo enviada pelos Estados Unidos
Plano apresentado pelo enviado de Trump prevê trégua de 70 dias, libertação de prisioneiros e negociações por uma solução política duradoura
247 - O grupo de resistência palestino Hamas confirmou nesta quinta-feira (29) que recebeu uma proposta atualizada de cessar-fogo para a Faixa de Gaza, encaminhada por mediadores dos Estados Unidos. A informação foi publicada pelo Al Mayadeen.
O plano foi elaborado por Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, para o Oriente Médio, e amplia uma proposta anterior já aceita pela organização palestina.
Em comunicado, o Hamas declarou que vai “estudar a proposta com responsabilidade”, reafirmando seu compromisso com um acordo que “preserve os interesses do povo palestino, proporcione alívio e assegure um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza”.
Proposta amplia trégua anterior
A nova versão do plano amplia o acordo previamente aceito pelo Hamas, que já previa a retirada completa das forças israelenses da região, a liberação irrestrita de ajuda humanitária e a formação de um comitê técnico para governança civil. A proposta atual estipula um cessar-fogo de 70 dias — um meio-termo entre os 90 dias reivindicados pelo Hamas e os 60 inicialmente sugeridos por Washington.
Durante esse período, seriam libertados dez israelenses mantidos em cativeiro, sendo cinco vivos e cinco mortos. Em troca, prisioneiros palestinos seriam soltos, sob supervisão internacional. Fontes ligadas à mediação informaram que o texto foi redigido com a colaboração do palestino-americano Bishara Bahbah, que atua como mediador entre as partes.
Segundo a imprensa israelense, autoridades do país já sinalizaram positivamente à nova proposta. Um representante do governo de Israel afirmou que a liderança “aceita a proposta de Witkoff”, indicando uma possível convergência após meses de imes e negociações frustradas.
Washington aposta em “solução abrangente”
Ao comentar o plano, Witkoff o descreveu como uma “solução abrangente” para a guerra em Gaza, sublinhando o empenho dos EUA em buscar uma “resolução de longo prazo para o conflito no Oriente Médio”. O presidente Donald Trump reforçou essa linha, declarando que os Estados Unidos estão “indo bem em Gaza” e pediu que todas as partes “aprovem o documento apresentado por Witkoff”.
Além da trégua temporária e das trocas de prisioneiros, o plano prevê o início imediato de negociações para uma solução política duradoura. Entre os termos, está o compromisso do Hamas em não representar futuras ameaças à segurança de Israel e o estabelecimento de um governo técnico que conduza a reconstrução da Faixa de Gaza no pós-guerra.
Críticas à ausência de garantias concretas
Apesar de abrir uma nova frente diplomática, o plano é alvo de críticas por repetir o modelo adotado na gestão anterior dos EUA, de Joe Biden. Segundo analistas, a proposta segue uma lógica escalonada que enfraquece progressivamente a capacidade de pressão do Hamas, sem oferecer garantias concretas de soberania para os palestinos.
A ausência de mecanismos que impeçam novas ofensivas israelenses ou assegurem os direitos políticos da população palestina levanta dúvidas sobre a efetividade do acordo. O Hamas seria pressionado a suspender a resistência armada e libertar prisioneiros, enquanto Israel manteria amplo espaço de manobra militar e política.
Se for colocado em prática, o acordo representará a primeira tentativa concreta de desescalada desde o reinício da guerra, em 18 de março. Desde então, segundo autoridades de saúde da Faixa de Gaza, mais de 54 mil palestinos foram mortos e mais de 123 mil ficaram feridos, em um conflito que já se arrasta por mais de 600 dias.
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