Governador da Califórnia diz que ameaça de intervenção federal "mina a confiança pública"
Gavin Newsom afirma que envio de tropas federais é desnecessário e parte de um espetáculo político
247 – O governador da Califórnia, Gavin Newsom, denunciou neste sábado (7) a tentativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assumir o controle da Guarda Nacional do estado e enviar 2.000 soldados para Los Angeles, como parte da resposta federal aos protestos contra operações migratórias conduzidas pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega). A declaração foi feita por meio da rede X (antigo Twitter), em publicação oficial que elevou o tom do embate entre o governo estadual e a Casa Branca.
Segundo Newsom, a medida é “intencionalmente inflamatória e só vai escalar as tensões”. O governador também afirmou que “as autoridades de Los Angeles podem ar ajuda policial a qualquer momento” e que não há, neste momento, qualquer necessidade de reforço federal. “Estamos em estreita coordenação com a cidade e o condado, e não há nenhuma demanda não atendida”, escreveu.
Newsom destacou ainda o papel da Guarda Nacional da Califórnia no auxílio à recuperação do estado nos últimos anos, e classificou a decisão do governo federal como “a missão errada”. “Isso vai minar a confiança pública”, alertou.
Os protestos explodiram na cidade de Paramount, nos arredores de uma loja Home Depot, após rumores de uma nova operação do ICE. Embora nenhum agente tenha efetuado prisões naquele local, o confronto se intensificou com o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes. O governo federal, por meio da secretária de imprensa Karoline Leavitt, justificou a ação com base em supostos ataques contra agentes da imigração. “Essa anarquia foi permitida florescer, e não vamos tolerar ataques contra as autoridades”, declarou.
Já o secretário de Defesa, Pete Hegseth, ameaçou enviar fuzileiros navais a Los Angeles caso a violência persista. “Estamos preparados para mobilizar tropas da ativa”, afirmou. A declaração foi amplamente criticada por autoridades locais e por ativistas de direitos civis.
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, também reagiu duramente às ações do ICE, afirmando que as táticas “semeiam terror em nossas comunidades” e violam princípios básicos de segurança pública. Em nota, a prefeita de Paramount, Peggy Lemons, criticou a falta de comunicação com as autoridades locais: “Poderíamos estar melhor preparados para informar os moradores. As pessoas estão assustadas.”
O ICE, por sua vez, alega que suas ações visam aplicar a lei e que os protestos configuram “distúrbios”. O ex-diretor da agência e atual responsável pelas operações no local, Tom Homan, afirmou à Fox News: “Vamos continuar fazendo nosso trabalho. Vamos reagir contra essas pessoas.”
As ameaças de intervenção direta com tropas federais reacenderam o debate sobre o uso das Forças Armadas em território nacional e geraram comparações com a Lei de Insurreição, usada pela última vez em 1992 durante os distúrbios de Los Angeles. Embora o dispositivo ainda não tenha sido invocado formalmente, especialistas alertam para a escalada autoritária da presidência de Trump, que parece disposta a confrontar diretamente os estados democratas.
Com o aumento da repressão e da polarização, analistas políticos veem na crise californiana um teste para os limites do federalismo nos Estados Unidos. E, diante da crescente tensão entre Washington e Sacramento, o alerta do governador Newsom ecoa como um chamado à resistência institucional. “Isso é o contrário do que se espera de um país civilizado”, disse recentemente em outra publicação.
A situação segue em desenvolvimento, com tropas federais já mobilizadas e manifestações previstas para os próximos dias. A Califórnia, por ora, mantém sua posição: resistir.
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