Hegseth ameaça enviar fuzileiros navais a Los Angeles em meio a protestos contra política migratória de Trump
Secretário de Defesa diz que tropas estão de prontidão enquanto Trump mobiliza a Guarda Nacional
247 – Em meio à crescente tensão nas ruas de Los Angeles, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou neste sábado (7) que os fuzileiros navais do país estão “em alerta máximo” e prontos para serem mobilizados caso a violência persista nas manifestações contra as recentes operações migratórias. A ameaça do alto escalão do Pentágono marca um dos pontos mais graves na escalada de confrontos entre manifestantes e agentes federais enviados pelo presidente Donald Trump.
“Se a violência continuar em Los Angeles, estamos preparados para mobilizar tropas da ativa”, declarou Hegseth, referindo-se aos Marines baseados em Camp Pendleton, nas proximidades da cidade. A afirmação veio horas antes do envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional à Califórnia, anunciado pela Casa Branca por meio de um memorando presidencial. O objetivo, segundo o governo, é “combater a ilegalidade que foi permitida prosperar”.
A cobertura é da Reuters, que acompanhou os protestos iniciados após uma série de batidas do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas), que resultaram na detenção de pelo menos 44 migrantes na sexta-feira. A situação se agravou no sábado, quando agentes federais confrontaram manifestantes na região de Paramount, no condado de Los Angeles, e prenderam diversos participantes dos atos. Vídeos mostram agentes com máscaras de gás e viaturas em formação, enquanto cartuchos de gás lacrimogêneo eram lançados em meio a carrinhos de supermercado tombados nas ruas.
A resposta do governo federal provocou forte reação do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que classificou as declarações de Hegseth como “comportamento insano” e acusou a istração Trump de buscar um “espetáculo” com o envio da Guarda Nacional. “Não usem a violência. Falem pacificamente”, escreveu Newsom em sua conta na rede X, reforçando a necessidade de manifestações não violentas.
Trump, por sua vez, elevou o tom. Em publicação na plataforma Truth Social, afirmou que se o governador e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, “não conseguem fazer seus trabalhos, então o governo federal resolverá o problema, com motins e saques, do jeito que deve ser feito!!!”
A vice-presidência também entrou no embate. JD Vance, vice-presidente de Trump, classificou os manifestantes como “insurrecionistas carregando bandeiras estrangeiras que atacam agentes de imigração”, e acusou a oposição de demonizar o controle de fronteiras.
Apesar da retórica beligerante, dois funcionários do governo disseram à Reuters, sob anonimato, que a Lei de Insurreição — que permitiria o uso direto das forças armadas — ainda não foi invocada. A última vez que o dispositivo de 1807 foi usado ocorreu durante os distúrbios de 1992, também em Los Angeles.
A atuação do ICE tem sido duramente criticada por organizações de direitos dos imigrantes. Angelica Salas, diretora-executiva da Chirla (Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes), afirmou que os advogados não conseguiram o às pessoas detidas na sexta-feira. “Isso é muito preocupante”, disse. Segundo ela, os alvos das batidas incluíram vendedores de rua perto de lojas Home Depot, operários de uma fábrica têxtil e trabalhadores de um armazém.
Karen Bass, prefeita de Los Angeles, também se posicionou com firmeza contra as operações: “Essas táticas semeiam terror em nossas comunidades e violam princípios básicos de segurança em nossa cidade. Não vamos tolerar isso.”
O Departamento de Segurança Interna estimou em cerca de mil os manifestantes presentes nos protestos de sexta-feira. Segundo a polícia de Los Angeles, vários manifestantes foram detidos no sábado por se recusarem a dispersar, após repetidos avisos.
Um dos ativistas, Ron Gochez, sintetizou o sentimento entre os manifestantes: “Agora eles sabem que não podem ir a qualquer lugar deste país onde estejam nossos trabalhadores e tentar sequestrá-los sem uma resistência organizada e feroz.”
As declarações de Pete Hegseth e as ações subsequentes refletem o aprofundamento da política migratória agressiva de Trump em seu segundo mandato. Com metas de deportações recordes e prisões em massa, sua istração reacende uma antiga batalha política entre o governo federal republicano e os estados democratas da costa oeste.
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