Califórnia resiste a Trump e denuncia intervenção federal como “espetáculo”
Governador Gavin Newsom condena envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional a Los Angeles
247 – O governador da Califórnia, Gavin Newsom, reagiu com veemência à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de enviar 2.000 soldados da Guarda Nacional a Los Angeles para conter manifestações contra operações de imigração. A notícia foi publicada originalmente pela rede russa RT (Russia Today).
Para Newsom, a ação federal é “intencionalmente inflamatória” e configura uma tentativa deliberada de escalar os conflitos. “O governo federal está assumindo o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviando 2.000 soldados a Los Angeles – não porque há escassez de forças de segurança, mas porque querem um espetáculo”, criticou o governador em uma postagem na plataforma X. “Não deem isso a eles.”
A Casa Branca justificou o envio das tropas federais após dois dias de protestos e confrontos com agentes do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE), alegando que as autoridades locais californianas falharam em conter a agitação. Trump declarou que a intervenção federal busca “restaurar a ordem”.
No entanto, para Newsom, a atitude da presidência representa uma manipulação política do conflito. “O governo federal está semeando o caos para ter uma desculpa para escalar. Isso não é o comportamento de um país civilizado”, afirmou. Ele também reforçou que os manifestantes devem continuar se expressando de forma pacífica e alertou contra o uso da violência.
No sábado, os protestos em Paramount, nos arredores de um Home Depot, evoluíram para confrontos violentos. Apesar de o ICE ter negado que houvesse uma operação naquele local, agentes da Patrulha de Fronteira e policiais do condado de Los Angeles utilizaram gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão. No dia anterior, operações do ICE resultaram em 44 prisões istrativas em Los Angeles.
Em resposta à escalada, Newsom deslocou agentes da Patrulha Rodoviária da Califórnia para proteger rodovias, mas foi enfático ao dizer: “Não é função da CHP ajudar na aplicação da lei federal de imigração”.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) alegou que houve um aumento de 413% nos ataques contra agentes, além da exposição ilegal de dados pessoais de familiares dos oficiais (prática conhecida como doxxing). Segundo o DHS, 118 pessoas foram presas nas operações em Los Angeles na última semana – entre elas, cinco integrantes de gangues com histórico de tráfico de drogas e agressões.
Enquanto isso, a resposta das autoridades locais foi mista. O secretário-assistente do DHS, Tricia McLaughlin, condenou o que classificou como “alvo violento de agentes da lei por desordeiros sem lei”, e criticou a demora da Polícia de Los Angeles em responder a um incidente na noite de sexta-feira em um prédio federal. Já o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, saiu em defesa dos agentes federais. “O grupo chegou a 350 ou 400 pessoas, e alguns começaram a lançar objetos contra os agentes”, disse Luna sobre os eventos em Paramount.
O embate entre o governo federal e o estadual revela não apenas a crise em torno da política migratória dos Estados Unidos, mas também a crescente tensão institucional entre Washington e Sacramento. Em seu segundo mandato, o presidente Trump parece disposto a dobrar a aposta na repressão, mesmo à custa do confronto com estados democratas.
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