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      Friedrich Merz assume comando da Alemanha após vitória apertada no Parlamento

      Novo chanceler, eleito em segunda votação, recoloca a CDU no poder e inicia governo com alianças frágeis, polêmicas sobre imigração e desafios econômicos

      Novo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, durante conferência do partido CDU em Berlim - 28/04/2025 (Foto: REUTERS/Lisi Niesner)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Friedrich Merz foi eleito nesta terça-feira (6) pelo Parlamento alemão como novo chanceler federal da Alemanha, recolocando a conservadora União Democrata Cristã (CDU) no comando do país após três anos fora do poder, informa a DW Brasil. A confirmação só veio na segunda rodada de votação no Bundestag, após uma derrota histórica na primeira tentativa — a primeira do tipo desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

      A posse de Merz encerra o mandato de Olaf Scholz (SPD) e marca o retorno de um governo liderado pela CDU, que formou uma coalizão com a União Social Cristã (CSU) e o próprio Partido Social Democrata (SPD), em um arranjo político batizado de “preto-vermelho”. Juntos, os três partidos somam 328 cadeiras no Parlamento, mas apenas 310 votos foram dados a favor de Merz na primeira tentativa — seis a menos que o necessário para garantir sua eleição. Três deputados se abstiveram e 307 votaram contra. O revés gerou desconforto na coalizão e expôs fragilidades da nova base aliada.

      Na segunda votação, o conservador finalmente atingiu a maioria absoluta, recebendo 325 votos entre os 630 deputados. O resultado foi comemorado como um alívio pelos aliados, mas as dificuldades iniciais evidenciam os desafios de governabilidade para o novo chanceler.

      Crise migratória e alianças polêmicas - Merz assume o poder após um ciclo eleitoral antecipado, provocado pela ruptura da antiga coalizão federal. O período pré-eleitoral foi marcado por episódios de violência que reacenderam o debate sobre imigração na Alemanha — dois ataques a faca e um atropelamento em massa deixaram mortos e dezenas de feridos no país, acirrando o clima político.

      Durante a campanha, o líder da CDU endureceu o discurso migratório e apoiou uma moção no Bundestag com conteúdo anti-imigração, que recebeu votos da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). A aliança pontual com o partido, que meses depois seria classificado como "extremista de direita" pela agência de inteligência alemã, quebrou um tabu da política pós-guerra e gerou protestos em várias cidades alemãs.

      Entre os críticos do movimento de Merz está a ex-chanceler Angela Merkel, que se opôs ao fim do cordão sanitário imposto à ultradireita. “A ruptura com a tradição democrática alemã provocou indignação dentro e fora do Parlamento”, relatou a DW Brasil.

      Pressões econômicas e imes energéticos - Além do tema migratório, Merz enfrenta um quadro econômico delicado. A Alemanha viveu dois anos consecutivos de recessão e projeta estagnação em 2025. O país também está sob pressão diante do aumento dos custos energéticos, da concorrência industrial com a China e da ameaça de novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sob o governo do presidente Donald Trump.

      Para conter os impactos, Merz propôs a redução da taxa sobre eletricidade para o nível mínimo permitido pela União Europeia e, em março, conseguiu aprovar no Parlamento um ambicioso pacote de investimentos. A medida afrouxa as regras de endividamento público e prevê recursos para defesa, infraestrutura e proteção ambiental — áreas em que o novo chanceler defende uma atuação mais incisiva da Alemanha, inclusive com apoio à Ucrânia.

      O novo governo também avalia retomar a compra de gás da Rússia e rediscute o encerramento da energia nuclear, finalizado em 2023. Merz é defensor da reativação das usinas atômicas como alternativa à crise energética.

      Acordo de coalizão e divisão ministerial - O pacto que sustenta o novo governo foi aprovado pelos membros do SPD e inclui, entre seus pontos centrais, mudanças na política migratória e no modelo de concessão de cidadania. A coalizão quer reforçar o controle de fronteiras e acelerar deportações de estrangeiros em situação irregular.

      O acordo também distribuiu cargos de destaque entre os partidos aliados. O SPD volta ao governo com nomes de peso: Lars Klingbeil será vice-chanceler e ministro das Finanças, enquanto Boris Pistorius permanece à frente da Defesa. Os social-democratas ainda controlam as pastas da Justiça, Meio Ambiente e Trabalho.

      A CDU, por sua vez, ficará com os ministérios das Relações Exteriores, Economia e Transportes. Já o Ministério do Interior será chefiado por Alexander Dobrindt, da CSU, que defende políticas migratórias ainda mais rígidas e promete ações imediatas para reforçar as fronteiras.

      Um antigo desafeto de Merkel - Friedrich Merz tem uma trajetória longa e marcada por conflitos internos na CDU. Nascido em 1955, formou-se em Direito e atuou como juiz antes de entrar na política. Foi eurodeputado em 1989 e ingressou no Parlamento alemão na década seguinte. Durante os anos de governo de Angela Merkel, tornou-se um de seus principais críticos, especialmente por discordar da política de acolhimento a refugiados.

      Em 2009, Merz deixou a vida parlamentar e ou a atuar no setor privado, inclusive como executivo na BlackRock, gigante global de gestão de ativos. Seu retorno à política ocorreu em 2018, em meio à aposentadoria de Merkel. Em 2021, reconquistou uma cadeira no Bundestag e, desde então, assumiu a liderança da CDU, levando o partido a uma guinada conservadora.

      Agora, como chanceler federal, Merz enfrenta o desafio de conduzir uma coalizão heterogênea em um cenário político fragmentado e sob a pressão de problemas domésticos e internacionais.

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