Enquanto fome se alastra em Gaza, grupo de extrema direita israelense tenta bloquear entrada de ajuda humanitária

247 - A Faixa de Gaza vive uma escalada de desespero e violência à medida que a população, devastada por meses de guerra, enfrenta um cenário de fome generalizada e colapso da ordem pública. Segundo alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta sexta-feira (30), o enclave é atualmente "o lugar mais faminto da Terra", com toda sua população sob risco iminente de fome. As informações são do jornal O Globo.

Enquanto isso, o fornecimento de ajuda humanitária enfrenta obstáculos crescentes. Membros do grupo de extrema direita israelense Tzav 9 têm obstruído caminhões na fronteira de Kerem Shalom, exigindo a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas. A tensão no território palestino aumentou ainda mais após um ataque aéreo israelense matar sete policiais na Cidade de Gaza, segundo o Ministério do Interior local, istrado pelo Hamas. 

“Aeronaves de ocupação israelenses alvejaram vários policiais enquanto cumpriam seu dever de confrontar um grupo de saqueadores”, afirmou o ministério em comunicado, classificando o episódio como “mais um massacre”.

Embora o Exército de Israel tenha se recusado a comentar o ataque específico, confirmou ter atingido “dezenas de alvos terroristas” em Gaza nas últimas 24 horas. A Defesa Civil do território relatou ao menos 44 mortos nos bombardeios, sendo 23 deles no campo de refugiados de al-Bureij.

A busca por comida tem causado cenas de desespero nos centros de distribuição. Em Rafah, no sul de Gaza, milhares de pessoas arrombaram um portão de um depósito humanitário, em meio à expectativa de receber suprimentos. 

Na quarta-feira (29), um tumulto semelhante em um armazém do Programa Mundial de Alimentos deixou quatro mortos, duas das vítimas atingidas por tiros. No dia anterior, outros 50 palestinos ficaram feridos após confusão em uma distribuição organizada pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por EUA e Israel. A organização, no entanto, vem sendo criticada pela ONU por falhar em respeitar os princípios humanitários de neutralidade e imparcialidade.

Do lado israelense, o grupo Tzav 9 intensificou os protestos contra o envio de suprimentos a Gaza. Cerca de 30 ativistas bloquearam a entrada de caminhões em Kerem Shalom nesta semana. Eles alegam que a pressão é necessária para forçar o Hamas a libertar os reféns. A organização já foi sancionada por Estados Unidos e União Europeia, e é ligada a reservistas e colonos da Cisjordânia. Um dos fundadores, Reut Ben Haim, foi preso recentemente pelas autoridades israelenses.