Em reunião do BRICS, Amorim pede negociação multilateral para estabelecer a paz em conflito na Ucrânia
Diplomata defendeu nova ordem multipolar e também condenou a destruição em Gaza, a corrida armamentista e a guerra tarifária entre potências
247 - Durante a abertura da reunião de assessores de segurança nacional do BRICS, realizada nesta quarta-feira, o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, defendeu a ampliação do diálogo global em busca de soluções para o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia. As informações são do jornal O Globo.
Ao lado de representantes de 11 países — Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã —, Amorim destacou que as propostas unilaterais não são suficientes para pacificar o cenário internacional. "Há um ano, Brasil e China propam os Entendimentos Comuns de Seis Pontos sobre a guerra na Ucrânia. O Grupo de Amigos para a Paz, lançado em Nova York em setembro, é uma plataforma que pode ser usada para contribuir com as negociações", afirmou.
Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos no início deste ano, Donald Trump tem buscado protagonismo nas negociações para a paz, mas, apesar de avanços diplomáticos, ainda não obteve sucesso na resolução do conflito.
Ainda de acordo com a reportagem, Amorim enfatizou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará em breve a Rússia e a China com o compromisso de reforçar os apelos por uma saída pacífica para os conflitos. Ainda nesta quarta-feira, Lula receberá os representantes dos países do BRICS no Palácio do Planalto, consolidando o papel diplomático brasileiro nas tratativas multilaterais.
Para o diplomata, o mundo caminha perigosamente para uma era de instabilidade se não houver um esforço conjunto por uma nova arquitetura de governança. "Não queremos regredir para uma ordem internacional anárquica. Tampouco nos interessa um mundo unipolar, nem desejamos uma nova Guerra Fria", alertou.
Sem mencionar diretamente as políticas econômicas de Donald Trump, Amorim apontou os riscos da crescente guerra comercial entre grandes potências. "As cadeias globais de produção correm sérios riscos, gerando incertezas que afetam as expectativas de renda e prosperidade de nossas populações", afirmou. Ele também criticou o enfraquecimento das normas internacionais: "As regras de convivência estão sendo abertamente ignoradas".
O assessor chamou atenção para o aumento expressivo nos gastos militares ao redor do mundo. Em 2024, o investimento bélico global atingiu a marca recorde de US$ 2,46 trilhões. Enquanto isso, afirmou ele, os recursos voltados para combater a fome, a pobreza e as mudanças climáticas seguem insuficientes.
Amorim voltou a criticar os desdobramentos da guerra em Gaza, deflagrada após os ataques do grupo Hamas a Israel em outubro de 2023. "As matanças indiscriminadas e o bloqueio à ajuda humanitária chocam a consciência da humanidade. É preciso resgatar uma solução justa que devolva ao povo palestino a esperança de uma vida segura e pacífica", declarou. Ele reiterou o apoio do Brasil a iniciativas de cessar-fogo e à troca de reféns e prisioneiros promovidas por países da região.
O assessor não descartou a possibilidade de que a escalada dos conflitos no Oriente Médio possa resultar em um novo conflito de proporções mundiais. A crescente militarização da Inteligência Artificial também foi citada por Amorim como fator de preocupação. Segundo ele, "a supervisão humana sobre o uso de armas autônomas é essencial para evitar vieses e erros. A responsabilidade pela morte de inocentes não pode ser transferida para as máquinas".
Amorim também alertou para os perigos da desinformação, que, segundo ele, alimenta a ascensão de movimentos extremistas. "Grandes empresas de tecnologia não podem desrespeitar a soberania dos países sob o falso pretexto de defender a liberdade de expressão", pontuou, ao defender medidas para recompor o "tecido social esgarçado" e restaurar a confiança na democracia.
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