Irã apela ao BRICS por ação urgente para deter genocídio em Gaza
Representante iraniano no BRICS critica impunidade israelense, denuncia hipocrisia ocidental e cobra reforma urgente no Conselho de Segurança da ONU
247 - Durante a reunião de ministros das Relações Exteriores dos países do BRICS, realizada no Rio de Janeiro nesta terça-feira (29), o Irã pediu que o grupo dos países emergentes intensifique seus esforços para frear a ofensiva militar israelense em Gaza e acabar com a impunidade de Tel Aviv no cenário internacional. A fala contundente foi feita por Abol Rasul Mohayer, vice-ministro das Relações Exteriores do Irã para Diplomacia Econômica, que representou Teerã no encontro. A informação é do canal iraniano HispanTV.
“A situação atual em Gaza e Rafah reflete um ciclo mais profundo de guerra e violência, através da violação de direitos humanos fundamentais e normas jurídicas internacionais. A continuação desta crise corre o risco de agravar a insegurança e os conflitos em todo o mundo”, alertou o diplomata, ao cobrar um posicionamento mais firme dos BRICS — agora formado por dez países, após a ampliação em 2024.
Mohayer denunciou o que chamou de “impunidade absoluta” de Israel, que promove a destruição deliberada de hospitais, o massacre sistemático da população palestina e a ocupação contínua de territórios sírios. Para o representante iraniano, a escalada do conflito em Gaza é sustentada pelo apoio ir das potências ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, ao regime israelense.
“O apoio incondicional de alguns países ocidentais, principalmente dos Estados Unidos, criou padrões duplos nos direitos humanos e obstrui ainda mais a perspectiva de paz e cessação das hostilidades”, afirmou. Ele também lamentou a ineficiência dos fóruns internacionais em conter a crise, apontando diretamente para a inação do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU).
Ao se dirigir aos colegas do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Arábia Saudita —, Mohayer ressaltou que o grupo, por sua natureza e peso global, deve assumir responsabilidade ativa na busca por uma ordem internacional mais justa. “Apelamos ao BRICS e seus aliados, cujo objetivo é estabelecer uma nova ordem mundial baseada na justiça e na democracia, para usar todos os recursos à sua disposição para deter a guerra em Gaza e outros territórios palestinos ocupados, bem como outras crises globais”, defendeu.
O diplomata iraniano também condenou as sanções econômicas impostas a países soberanos, que, segundo ele, violam os princípios fundamentais do direito internacional. "A imposição de sanções unilaterais e ilegítimas contra países livres e independentes constitui uma violação flagrante dos princípios fundamentais do direito internacional, incluindo a igualdade soberana dos Estados e o princípio da não interferência nos assuntos internos de outros países", enfatizou.
A crítica se estendeu às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, classificadas como parte de uma “guerra tarifária” que desestabiliza a economia global. Para Mohayer, essas ações são reflexo de uma arquitetura mundial dominada pelo unilateralismo e pelo monopólio de poder.
Ele concluiu sua fala com um apelo por reformas estruturais no sistema multilateral, particularmente no CSNU. “O unilateralismo e o monopólio levaram à atual estrutura injusta. Por isso, é urgente o fortalecimento e a realização de mudanças na composição e no funcionamento do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, afirmou.
A reunião dos chanceleres do BRICS no Brasil se insere num contexto global de crescente contestação à ordem internacional centrada no Ocidente, especialmente diante da paralisia das instituições multilaterais frente a conflitos como o da Palestina. O pedido do Irã reforça a expectativa de que o BRICS, agora expandido, possa desempenhar um papel mais decisivo nas grandes questões de paz, desenvolvimento e segurança mundial.
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