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      Em extenso documento, China lista transgressões dos EUA, mas defende cooperação para evitar colapso global

      Em resposta ao aumento de tarifas, Pequim publicou "livro branco" de 49 páginas enumerando violações estadunidenses a acordos globais de comércio. Entenda

      Xi Jinping e Trump. (Foto: REUTERS)
      Guilherme Paladino avatar
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      Por Guilherme Paladino, de Pequim, para o 247 - Em um momento em que as tensões comerciais entre Estados Unidos e China atingem novos patamares, o governo chinês acusa Washington de minar os fundamentos do sistema multilateral de comércio e de comprometer seriamente a confiança internacional na ordem econômica global. No extenso documento “A posição da China sobre algumas questões relativas às relações econômicas e comerciais com os EUA”, publicado nesta quinta-feira (9), Pequim apresenta uma dura crítica às políticas tarifárias e protecionistas da Casa Branca sob o presidente Donald Trump, ao mesmo tempo em que reitera seu apelo por cooperação, diálogo e "respeito mútuo".

      O livro branco — que surge no dia em que os EUA impõem tarifas recordes de 104% sobre produtos chineses — dedica seu quinto capítulo, intitulado “Unilateralismo e protecionismo minam as relações econômicas e comerciais China-EUA”, a denunciar o que considera uma série de transgressões graves por parte dos EUA. Nele, a China afirma que o governo Trump rompeu com os compromissos assumidos pela própria OMC, ignorou regras internacionais e fez uso indevido da segurança nacional como pretexto para sanções e bloqueios.

      O documento argumenta que ao aplicar medidas unilaterais como aumentos de tarifas, controle de exportações e sanções contra empresas chinesas "sob o pretexto de segurança nacional", os EUA colocaram seus interesses domésticos acima das obrigações internacionais.

      A crítica não se limita às tarifas. O texto aponta que os EUA vêm “expandindo de forma arbitrária” as restrições comerciais contra a China, atingindo setores como semicondutores, inteligência artificial, veículos inteligentes e infraestrutura digital. Pequim vê nessas ações uma tentativa deliberada de sufocar seu desenvolvimento e manter uma hegemonia tecnológica.

      Além disso, o documento destaca que os EUA aram a adotar “métodos coercitivos” para forçar a substituição de fornecedores chineses em países terceiros, numa clara extrapolação de sua jurisdição nacional. Essas ações, que vão além da competição justa, "desestabilizam cadeias de suprimento globais" e "aumentam os riscos de fragmentação econômica internacional”, afirma.

      Revogação do PNTR: Erro grave

      Um dos pontos mais graves destacados pela China é a proposta em tramitação no Congresso dos EUA que visa revogar o status de “Nação Mais Favorecida” (PNTR, na sigla em inglês) concedido à China desde sua entrada na OMC, em 2001. Neste contexto, o livro branco alerta para um colapso nas relações comerciais bilaterais.

       “A revogação do PNTR violaria os princípios fundamentais da OMC e prejudicaria os interesses das empresas e consumidores dos dois países. Isso lançaria as relações China-EUA em um ambiente legal incerto, fragmentando ainda mais o comércio global.”

      Pequim sustenta que, ao ameaçar desfazer acordos multilaterais e adotar tarifas punitivas unilaterais, os EUA não apenas distorcem os fluxos comerciais, como também criam instabilidade jurídica e econômica para o mundo inteiro. O resultado, afirma o governo chinês, pode ser uma desconexão forçada entre as duas maiores economias do planeta.

      “Segurança nacional” como justificativa para tudo

      A China também denuncia o uso recorrente do argumento de segurança nacional pelos EUA para justificar uma série de sanções e bloqueios. O livro branco aponta que Washington expandiu indevidamente o conceito, aplicando-o de forma vaga e sem justificativa consistente para interferir em atividades econômicas legítimas.

      A politização da segurança econômica, como estratégia para conter o desenvolvimento de outros países, "mina a confiança e estabilidade das relações econômicas internacionais”, alerta o documento.

      O texto cita especificamente a inclusão de empresas chinesas em listas de entidades restritas, as barreiras à venda de tecnologia de ponta, e a perseguição a plataformas de e-commerce e redes sociais como parte dessa estratégia.

      Cooperação como único caminho viável

      Apesar do tom duro contra Washington, o livro branco termina com um apelo claro à razão e à retomada do diálogo. A China afirma estar aberta a negociações baseadas no "respeito mútuo” e sustenta que o caminho da confrontação é um beco sem saída. O documento defende uma abordagem baseada em economia real, complementaridade produtiva e desenvolvimento conjunto.

      Pequim reafirma seu compromisso com o multilateralismo e conclama os EUA a retornarem à mesa de negociações com espírito "construtivo”. Para o governo chinês, é possível alcançar um novo equilíbrio global baseado na confiança, na abertura e no crescimento compartilhado — mas apenas se os EUA abandonarem o unilateralismo e as ameaças.

      "O sucesso econômico da China e dos EUA representa oportunidades compartilhadas, e não ameaças mútuas. Espera-se que o lado norte-americano una forças com o lado chinês para seguir na mesma direção apontada pelos dois líderes em sua conversa telefônica no início deste ano. Guiando-se pelos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefícios recíprocos, os dois países podem resolver suas respectivas preocupações por meio de diálogo e consultas em pé de igualdade, promovendo juntos o desenvolvimento saudável, estável e sustentável das relações econômico-comerciais bilaterais", conclui o documento. CLIQUE AQUI PARA LER O DOCUMENTO COMPLETO.

      Tarifas recordes e retaliações em curso

      O livro branco foi divulgado no mesmo dia em que os EUA começaram a aplicar uma tarifa de 104% sobre produtos chineses, após Pequim se recusar a suspender as tarifas retaliatórias impostas na semana ada. Donald Trump havia dado prazo até terça-feira (8) para que a China recuasse, ameaçando nova escalada. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que “os chineses querem fazer um acordo, eles só não sabem como”.

      Pequim, por sua vez, já havia qualificado a postura dos EUA como “chantagem”, e prometeu “respostas firmes e proporcionais” caso as ameaças tarifárias persistam. A tensão crescente tem preocupado mercados financeiros e parceiros comerciais em todo o mundo, que temem um colapso do sistema multilateral construído nas últimas décadas.

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