Espanha defende reorientação da União Europeia para a China diante de tarifas de Trump
Em visita a Pequim, Pedro Sánchez propõe parceria estratégica com Xi Jinping como resposta ao protecionismo dos Estados Unidos
247 – Em meio à escalada de tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus aliados, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, defendeu uma reorientação estratégica da União Europeia em direção à China. A proposta foi feita durante sua visita oficial a Pequim para se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping. A notícia foi divulgada pela agência Bloomberg nesta quarta-feira (9).
Segundo a publicação, Sánchez busca alinhar posições com a China diante da política tarifária cada vez mais agressiva adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que iniciou em 2025 seu segundo mandato com novas barreiras comerciais contra parceiros tradicionais, incluindo países europeus.
A iniciativa do premiê espanhol visa ampliar a cooperação comercial entre o bloco europeu e a China, diversificando mercados e reduzindo a dependência econômica dos Estados Unidos. O encontro com Xi Jinping ocorre em um momento em que líderes europeus se mostram cada vez mais preocupados com o que consideram uma postura "imprevisível" de Washington nas relações multilaterais.
Fontes próximas ao governo espanhol afirmaram à Bloomberg que Sánchez enxerga na China um parceiro confiável para equilibrar o comércio internacional. O premiê está convencido de que a União Europeia deve adotar uma política externa mais autônoma e pragmática, especialmente em um cenário global de crescentes disputas geopolíticas.
A visita também incluiu reuniões com representantes do setor empresarial chinês, com o objetivo de fomentar investimentos em infraestrutura, tecnologia e transição energética. A Espanha, que atualmente ocupa uma posição estratégica dentro do mercado europeu, tenta se posicionar como ponte entre a Ásia e a Europa, promovendo uma nova fase nas relações euro-chinesas.
Enquanto isso, em Bruxelas, o movimento de Sánchez divide opiniões. Alguns diplomatas veem com bons olhos a tentativa de reforçar os laços com Pequim, enquanto outros alertam para os riscos de uma aproximação excessiva com uma potência que rivaliza com os valores democráticos do Ocidente.
Ainda assim, a iniciativa do líder espanhol pode influenciar outros governos europeus a adotarem uma postura mais independente frente aos Estados Unidos. Em sua newsletter diária Supply Lines, a Bloomberg destacou que a movimentação da Espanha pode marcar uma inflexão na política externa europeia, com efeitos duradouros sobre o equilíbrio global de poder econômico.
A reunião entre Sánchez e Xi Jinping simboliza, portanto, mais do que um gesto diplomático: trata-se de uma possível virada de página nas relações internacionais da União Europeia em um mundo cada vez mais multipolar.
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