China pede fim da guerra comercial com os EUA, mas alerta que está pronta para retaliar
Em Washington, embaixador Xie Feng defende coexistência pacífica, critica tarifas e diz que Pequim saberá responder a agressões econômicas
247 – O embaixador da China nos Estados Unidos, Xie Feng, fez um apelo neste sábado (20) por moderação e diálogo entre as duas maiores economias do planeta, alertando, no entanto, que Pequim está preparada para responder à altura em caso de escalada na guerra comercial. A declaração foi feita durante um evento público em Washington, conforme divulgado pelo site oficial da embaixada chinesa.
Xie defendeu a busca por “coexistência pacífica” e criticou duramente a política de tarifas adotada por Washington. Ele traçou um paralelo entre o atual momento e a Grande Depressão, lembrando os efeitos devastadores das tarifas protecionistas impostas pelos Estados Unidos em 1930. “As tarifas devastarão a economia global”, afirmou.
O diplomata recorreu ainda à sabedoria da medicina tradicional chinesa para propor uma abordagem mais equilibrada nas relações internacionais. “Uma boa receita da medicina tradicional chinesa normalmente combina muitos ingredientes que se reforçam mutuamente e criam o melhor efeito terapêutico”, disse Xie. “Da mesma forma, o planeta é grande o suficiente para abrigar tanto a China quanto os Estados Unidos. Devemos buscar a coexistência pacífica em vez do confronto direto, e ajudar um ao outro a ter sucesso, em vez de ficarmos presos em um cenário de perdas mútuas.”
Apesar das palavras conciliatórias, Xie também deixou claro que a China está pronta para retaliar. “A China se opõe à guerra comercial e responderá a qualquer país que imponha tarifas contra nós”, afirmou.
As tensões comerciais entre Washington e Pequim congelaram, na prática, o gigantesco fluxo comercial entre os dois países, com tarifas superiores a 100% sendo aplicadas em ambas as direções. Além disso, diversas restrições comerciais, de investimento e até culturais vêm sendo adotadas.
Neste fim de semana, a principal associação de estaleiros da China criticou com veemência o plano do governo norte-americano de aplicar novas taxas portuárias a navios com ligação ao país asiático.
Enquanto países como Japão e Taiwan já iniciaram conversas com os Estados Unidos sobre as novas tarifas da chamada “Liberação do Dia”, promovidas pelo presidente Donald Trump, que tomou posse para seu segundo mandato em 2025, não há, até o momento, qualquer sinal de diálogo de alto nível entre Pequim e Washington.
Mesmo assim, Trump comentou na sexta-feira (19) que há “boas conversas” ocorrendo nos bastidores. “Aliás, estamos mantendo conversas agradáveis com a China”, disse a jornalistas na Casa Branca. “É algo realmente muito bom”, completou, sem oferecer detalhes adicionais.
Pequim, por sua vez, tem reafirmado que qualquer tentativa de retomada das negociações depende de um gesto claro de respeito por parte dos Estados Unidos. Até lá, as relações seguirão marcadas por incertezas e potenciais confrontos comerciais.
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