Burkina Faso desmantela plano de desestabilização e expõe pressões externas na África Ocidental
O canal El Mapa, especializado em geopolítica internacional, dedicou análise especial à situação na África Ocidental
Burkina Faso anunciou, nesta segunda-feira (28), o desmantelamento de um plano de desestabilização interna, em mais um episódio que revela as complexas dinâmicas de poder que atravessam a região do Sahel. A informação foi divulgada por meio de um relatório oficial dos serviços de inteligência do país, segundo o qual setores internos, em articulação com interesses estrangeiros, estariam preparando ações para desestabilizar o governo de transição, liderado por Ibrahim Traoré.
O canal El Mapa, especializado em geopolítica internacional, dedicou análise especial ao caso, destacando que a ofensiva frustrada contra o governo burquinense não deve ser interpretada como um evento isolado, mas inserida em um contexto mais amplo de disputa pela influência política, econômica e militar na África.
Segundo o relatório divulgado na capital, Ouagadougou, o plano de desestabilização envolvia múltiplas frentes: desde tentativas de insurreição armada, até campanhas coordenadas de desinformação para fragilizar o apoio popular ao atual governo. Embora as investigações sigam em curso, autoridades burquinesas indicaram que os indícios apontam para "atores nacionais manobrados por potências estrangeiras", sem, entretanto, nominar explicitamente os países ou organizações envolvidos.
No programa exibido pelo El Mapa, analistas ressaltaram que Burkina Faso e outros países do cinturão do Sahel, têm sido alvo de intensa pressão nos últimos anos. Com uma localização estratégica e vastos recursos naturais, a nação africana ocupa uma posição central na disputa geopolítica contemporânea, marcada pela reconfiguração das alianças globais e pela intensificação do conflito no Leste Europeu.
O avanço da guerra entre Rússia e Ucrânia, afirmam os especialistas do canal, tem alterado significativamente a correlação de forças em escala mundial. Em meio a este cenário, a África — e especialmente regiões como o Sahel — tornou-se um dos focos de atenção prioritária para potências tradicionais e emergentes. A recente aproximação de Burkina Faso, Mali e Níger com blocos alternativos à influência ocidental, como o BRICS+ e parcerias estratégicas com Rússia e China, provoca reações adversas de forças interessadas em manter a região sob antiga órbita de influência.
Durante a análise, El Mapa enfatizou ainda que o episódio revela um padrão recorrente na história recente africana: iniciativas soberanas de fortalecimento político e econômico têm sido frequentemente alvo de desestabilizações — seja por vias abertas, seja por métodos híbridos, como sanções, apoio a opositores internos ou ações clandestinas.
"Não se trata apenas de uma luta local pelo poder", afirmou um dos analistas do canal. "Estamos vendo o reflexo direto da disputa global entre projetos distintos de ordem internacional: de um lado, aqueles que defendem uma multipolaridade real; de outro, aqueles que buscam manter uma hegemonia unilateral a todo custo."
Em resposta ao desmantelamento do plano, o governo de transição de Burkina Faso reforçou seu compromisso com a estabilidade interna e a defesa da soberania nacional. Em pronunciamento oficial, as autoridades pediram à população união e vigilância diante das tentativas de manipulação externa.
A matéria do El Mapa conclui que, embora Burkina Faso tenha conseguido frustrar a ameaça no curto prazo, os desafios à estabilidade regional persistem. Com a crescente militarização do Sahel e o aumento das tensões globais, o destino do país — e de toda a faixa centro-africana — permanece intimamente ligado às transformações profundas que sacodem o cenário internacional.
Burkina Faso, assim como outras nações africanas, busca, em meio às turbulências, reafirmar seu direito ao desenvolvimento independente e ao protagonismo próprio no novo mundo que se desenha.
https://brasil247.informativomineiro.com/burkina-faso-desmantela-plan-de-desestabilizacion/
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