Burkina Faso e Mali continuam a cogitar a formação de uma federação, afirma o presidente burkinabé
Os dois países têm se tornado cada vez mais próximos nos campos econômico e militar
José Pedro Faya, de Lisboa, 247 - O presidente de Burkina Faso, Ibrahim Traoré, afirmou em uma entrevista recente que está “considerando muitas possibilidades com o Mali, especialmente no campo econômico”.
Os dois países da África Ocidental têm se tornado cada vez mais próximos nos últimos anos, especialmente após a rebelião militar ocorrida em Burkina Faso em setembro de 2022.
Ibrahim Traoré, líder da junta militar de transição, afirmou já no ano ado o desejo de seu governo de diversificar as parcerias do país no combate ao terrorismo jihadista, se aproximando dos países vizinhos, incluindo o Mali, e também da Rússia.
A República do Mali também ou por uma mudança brusca de poder em 2020 e outra em 2021, e tem sido governada por uma junta militar desde então. Para além das crescentes trocas comerciais, ambos países colaboram no intenso combate contra grupos terroristas ligados à Al Qaeda e o Estado Islâmico.
O Mali e Burkina Faso realizam uma estreita coordenação militar contra os grupos terroristas. “É quase o mesmo exército, nós fazemos tudo juntos, treinamos, lutamos juntos, na terra, no ar, e tudo está correndo bem”, afirmou Ibrahim Traoré. Os dois países também se apoiam mutuamente contra a presença de tropas sas na região.
Devido às mudanças violentas de poder realizadas nos dois países, ambos foram sancionados e suspensos da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o que também contribuiu para a sua aproximação, assim como a aproximação com a Rússia, a qual tem sido um dos únicos países a fornecer armas para combater os militantes jihadistas.
O presidente burkinabé disse ainda que a possível federação entre os dois países está aberta a outros países, com destaque à Guiné-Conacri. “Não podemos excluir a possibilidade de outro país se federar conosco, […] nós definitivamente vamos à Guiné”, afirmou Traoré.
A Guiné também tem sido governada por uma junta militar, desde 2021, motivo pelo qual também foi suspensa da CEDEAO.
O último país da CEDEAO a atravessar ums rebelião militar foi o Níger, após a Guarda Presidencial do país anunciar a derrubada do presidente Mohamed Bazoum e o comando das Forças Armadas declarar seu apoio à ação, a qual foi condenada pela Comunidade Econômica.
O Níger, um dos maiores produtores de urânio do planeta, e que supria, segundo a Sputnik, cerca de um terço do urânio utilizado pelas usinas nucleares sas, havia se tornado o principal centro de atividades militares da França na região após o golpe de Estado no Mali e a consequente retirada de tropas sas do país, o que causou revolta entre a população e esteve na origem de protestos massivos.
O ministro da Comunicação do Burkina Faso, Rimtalba Ouédraogo, afirmou nesta semana que o país quer uma maior cooperação com o Níger. As autoridades do Mali e de Burkina Faso já alertaram esta semana que uma intervenção militar em Níger será considerada "declaração de guerra". Os dois países emitiram uma declaração conjunta apoiando a nova liderança nigerina.
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