“A ideologia é a base da opressão imperialista”, diz Alysson Mascaro
De acordo com o professor e jurista, a ideologia do povo brasileiro ainda é formada pelo paradigma ocidental
247 – Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o jurista e professor Alysson Mascaro fez uma análise contundente sobre o papel da ideologia na dominação geopolítica e econômica do Brasil, especialmente diante dos embates entre o Ocidente e os países que integram o BRICS. Para ele, a base da opressão imperialista está assentada na forma como os afetos e os valores são moldados ideologicamente. “A ideologia é a base da opressão imperialista”, afirmou.
Mascaro defendeu que não há qualquer obstáculo ideológico racional que impeça o Brasil de se integrar plenamente ao eixo econômico mais dinâmico da atualidade, representado pelos países do BRICS. “Não há nenhuma razão ideológica para que o Brasil não abrace o pólo mais dinâmico da economia global, que hoje é representado pelo BRICS”, afirmou, ao criticar a persistente inclinação de setores populares brasileiros pelos Estados Unidos. “Mas o povão ainda prefere os Estados Unidos – e isso se explica pela ideologia.”
Para o jurista, essa preferência não se sustenta em dados objetivos sobre desenvolvimento ou bem-estar social. “Há meio século aumenta a pobreza nos Estados Unidos e a China diminuiu a pobreza. Mas a ideologia ainda é formada a partir do paradigma ocidental”, apontou. Ele destaca que essa hegemonia cultural tem raízes profundas na história da colonização e na estrutura afetiva que conecta o Brasil ao imperialismo. “Há toda uma história de afetos que liga nosso país, de modo colonizado, ao imperialismo.”
Mascaro sustenta que a ideologia não atua apenas pela razão, mas mobiliza sentimentos e afetos, gerando distorções na percepção política e social. “A ideologia opera por afetos. E é por isso que gente que beija a bandeira dos Estados Unidos a por patriota”, ironizou. Na sua visão, o capitalismo se mantém justamente por essa articulação entre repressão e construção ideológica. “O capitalismo opera à base de repressões”, explicou.
Questionado sobre o cenário econômico e político brasileiro, Mascaro observou que o país ainda está sob o domínio do capital financeiro. “Hoje o Brasil é dominado pelo capital financeiro. Mas se o governo Lula conseguir ao menos dois dinheiros, um financeiro e um industrial, quem sabe acontece alguma briga”, sugeriu, apontando que a construção de um novo modelo produtivo poderia abrir espaço para disputas mais equilibradas dentro da própria estrutura do capital.
O jurista também teceu críticas ao sistema universitário dos Estados Unidos e à corrosão de suas instituições sob o governo de Donald Trump, que atualmente exerce a presidência do país. “Harvard está sendo destruída por Trump porque o modelo estadunidense é cada vez mais especulativo”, denunciou, ao evidenciar o enfraquecimento da produção intelectual e do pensamento crítico nos centros acadêmicos norte-americanos.
Por fim, Mascaro alertou para os perigos da manipulação ideológica na América Latina. “Com a ideologia, é possível fazer o povo gostar do pior. Vejam o caso da Argentina, onde o povo consegue preferir o Milei”, afirmou. E deixou um aviso: embora o presidente Lula esteja fazendo um bom governo, o risco da extrema direita ainda ronda o Brasil. “Lula vai bem, mas há sempre um Milei à espreita no Brasil”, concluiu. Assista:
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