“Cheguei na hora limite da minha vida, mas resisti", diz Alysson Mascaro
Jurista afirma que irá lutar até o último dos seus dias pelo fim da indústria do cancelamento
247 – Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o jurista Alysson Mascaro relatou o drama que enfrentou ao ser alvo de uma campanha de difamação movida pelo site The Intercept. "Cheguei na hora-limite da minha vida", revelou. Apesar do ataque devastador à sua reputação, Mascaro reafirma seu compromisso de seguir lutando: "Pelo resto da vida, eu me devotarei a derrotar a indústria do cancelamento".
O jurista definiu a chamada indústria do cancelamento como um mecanismo moderno de perseguição social e política. Trata-se, segundo ele, de um processo de linchamento público, movido por moralismos seletivos e julgamentos sumários, em que a condenação precede qualquer direito à defesa. "A partir do meu caso, acaba a indústria do cancelamento", declarou. Para Mascaro, essa prática constitui uma nova forma de Inquisição: "o cancelamento anula a possibilidade de defesa, de esclarecimento, de devido processo, submetendo a vítima a um julgamento sumário e à execução social sem direito de resposta".
A máquina de perseguição
Mascaro narrou o impacto brutal da campanha difamatória, que classificou como "o maior processo de perseguição no século 21". "A máquina de perseguição me desenhou como alvo", disse. Para ilustrar a gravidade do episódio, comparou-o ao trágico caso da Escola Base: "O The Intercept cometeu o caso Escola Base do século 21. Ou o caso Escola Base é o caso Alysson Mascaro do século 20".
Na avaliação do jurista, a indústria do cancelamento é impulsionada por uma cultura de pânico moral, onde acusações sem provas são suficientes para destruir biografias. "O moralismo vil e covarde mata as pessoas", denunciou.
Orgulho, resistência e identidade
Alvo de ataques que também exploraram sua orientação sexual, Mascaro abordou o tema de forma serena e afirmativa. "Eu me orgulho da minha sexualidade. Sou um homem bissexual e tenho orgulho", declarou. Para ele, o moralismo reacionário vê a liberdade dos afetos como ameaça: "A sexualidade é tão plena que todas as pessoas podem ter afeto com qualquer ser humano. Porque eu anuncio isso, eu sou um perigo".
O jurista recordou ainda sua longa militância. "A minha vida inteira fui um homem de esquerda. A vida inteira eu lutei pela transformação social – e também dos afetos e dos sentimentos", afirmou.
Um ataque à crítica e ao pensamento
Mascaro também analisou o ataque sofrido como parte de uma estratégia para destruir a intelectualidade crítica no Brasil. "Perseguiram Lula, perseguiram Dilma, mas o plano de destruição da esquerda precisaria chegar às ideias", explicou. "O imperialismo me atacou porque quer destruir a intelectualidade crítica no Brasil".
Ele denunciou ainda o papel de setores que se dizem progressistas, mas que, segundo sua avaliação, reproduzem práticas autoritárias. "Há um neoliberalismo de esquerda, que se a por esquerda, mas é direita – ou até extrema-direita", criticou. "A esquerda neoliberal é tão reacionária quanto a direita", concluiu.
A suspensão na USP e o renascimento pessoal
Um dos momentos mais dolorosos relatados por Mascaro foi a sua suspensão pela Universidade de São Paulo. "Eu vi a universidade cuspir na minha cara, mas eu ei", disse. "Fui suspenso pela USP, o primeiro suspenso do século 21". Mesmo diante do abandono institucional e da violência simbólica, encontrou forças na solidariedade de aliados: "Eu tive meus Judas Iscariotes, eu tive meus traidores. Mas eu tive meu paraíso, eu tive quem me apoiou. Eu tive meus Josés de Arimateia. Eu tive quem me tirou da cruz".
Ao final da entrevista, Alysson Mascaro refletiu sobre o que aprendeu com a experiência extrema: "As últimas ilusões que eu tinha, eu as perdi todas. Na porta do inferno, eu deixei toda a esperança". Ainda assim, reafirma sua disposição de seguir lutando: "Vivi as dores dos grandes perseguidos da humanidade. Mas resisti".
Para ele, resistir significa não apenas sobreviver, mas combater ativamente a cultura do cancelamento. Sua trajetória agora se entrelaça à luta contra esse novo tipo de perseguição moralista e autoritária que, segundo alerta, ameaça a liberdade, a diversidade e a crítica intelectual no Brasil contemporâneo. Assista:
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