BNDES quer lançar ‘títulos azuis’ para financiar preservação dos oceanos durante a COP30
Iniciativa inspirada nos títulos verdes visa atrair investidores para ações de conservação marinha e será apresentada na cúpula do clima em Belém
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prepara uma nova ferramenta de financiamento voltada à proteção dos mares. Trata-se da criação dos chamados “títulos azuis” — ou “blue bonds” — que terão como foco a conservação dos oceanos e devem ser apresentados oficialmente durante a 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), que será realizada em Belém (PA) em 2025. A informação foi revelada pelo presidente do banco, Aloizio Mercadante, durante cerimônia na Fortaleza de São José, na Ilha das Cobras (RJ), informa o jornal O Globo.
A iniciativa foi divulgada em evento que marcou o lançamento de um novo pacote de medidas do programa BNDES Azul. A proposta dos títulos azuis segue os moldes dos bem-sucedidos “títulos verdes” emitidos pelo governo federal em 2023, que arrecadaram cerca de US$ 4 bilhões no mercado financeiro internacional com base em critérios ambientais sustentáveis.
"Temos conversado com autoridades internacionais para ver se, na COP 30, a gente consegue lançar o Blue Bonds. Tem o Green Bonds, o Bônus Verde. Por que não o Bônus Azul? Por que, com toda essa economia do mar, a gente não consegue lançar títulos para preservar, e o mercado financeiro ajudar a viabilizar?”, afirmou Mercadante durante o anúncio.
Alinhamento com experiências internacionais - Os títulos azuis se somam a iniciativas globais que já vêm incentivando a conservação de áreas marinhas por meio do mercado de capitais. Em diversos países, governos têm ado financiamentos com taxas de juros reduzidas ao emitirem títulos com finalidades ambientais específicas, especialmente voltadas para a preservação dos oceanos. O Programa Nature Bonds, da organização internacional The Nature Conservancy, é um dos modelos de destaque, ao vincular o refinanciamento de dívidas públicas com metas ambientais de longo prazo, entre 15 e 20 anos.
Apoio direto a projetos em ilhas e recifes - No plano doméstico, o BNDES Azul também anunciou a abertura da primeira chamada pública permanente dedicada exclusivamente à preservação de ilhas oceânicas brasileiras. A linha, com orçamento de R$ 80 milhões, apoiará a restauração de habitats reprodutivos de aves marinhas ameaçadas ou migratórias. Estão contemplados nove conjuntos de ilhas e arquipélagos sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), como São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Abrolhos e Cagarras.
Além disso, foi divulgada a ampliação do BNDES Corais, que terá o volume de recursos dobrado. O programa agora conta com R$ 176 milhões — dos quais R$ 88 milhões provêm do Fundo Socioambiental do banco — destinados à recuperação de recifes em diversas regiões do país. Entre as organizações responsáveis pelos projetos selecionados estão WWF-Brasil, Funbio, Fundação José Bonifácio, RedeMar, Projeto de Conservação Recifal e AEPTEC-BA.
A expectativa do BNDES é que os novos mecanismos de financiamento, incluindo os futuros títulos azuis, ampliem a escala de investimentos voltados à chamada economia azul, articulando proteção ambiental com desenvolvimento sustentável de comunidades costeiras e insulares.
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