'Deixamos que a direita fosse dona do tema da segurança pública', critica Freixo
Presidente da Embratur defende ação da esquerda contra a violência urbana e diz que "enfrentar a sensação de insegurança é defender a democracia”
247 - O presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT-RJ), reconheceu nesta terça-feira (27) que a esquerda brasileira falhou ao não priorizar o debate sobre segurança pública nas últimas décadas, deixando espaço para que a pauta fosse apropriada pela direita. As declarações foram feitas durante o Seminário de Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia, promovido pelo Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), em São Paulo, informa o Metrópoles.
Freixo, que presidiu a histórica I das Milícias em 2008 na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), falou no que discutiu a proposta de uma Lei Antimáfia em análise no governo Lula. “O tema da segurança pública nós deixamos que a direita fosse dona”, afirmou.
Segundo o ex-deputado, após a redemocratização, o “campo democrático” se concentrou em agendas fundamentais como saúde, reforma agrária e educação, mas negligenciou o enfrentamento à violência urbana. Para ele, essa omissão teve um custo político alto e comprometeu a capacidade da esquerda de disputar o imaginário da população em relação à segurança.
Segurança como pilar democrático - Marcelo Freixo também destacou a importância de combater a sensação de insegurança como parte da defesa da democracia. Em sua fala, criticou a ausência de respostas práticas para crimes do cotidiano, como furtos de celular. “Enfrentar a sensação de insegurança é defender a democracia”, afirmou. E acrescentou: “ter um empenho para furto de celular, ter uma tecnologia para que o celular seja devolvido, é um elemento importante. Eu quero disputar a sensação de insegurança”.
Estado e milícias: relação estrutural - Durante sua participação no seminário, Freixo reforçou o alerta de que o crime miliciano não pode ser equiparado a outras formas de criminalidade. “Milícia é a única organização criminosa que não nasceu no cárcere. A milícia nasce dentro do Estado”, afirmou, retomando a denúncia que o consagrou nacionalmente ainda na I das Milícias.
Para ele, é fundamental diferenciar as formas de atuação de facções criminosas, especialmente no Rio de Janeiro, onde tráfico e milícias coexistem e se estruturam de maneira diversa. “É preciso ter cuidado com conceitos que vão unir coisas que não são iguais e que são combatidas de formas diferentes”, alertou.
Lei Antimáfia e nova classificação criminal - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara o envio ao Congresso Nacional de um Projeto de Lei Antimáfia, que definirá a figura da “organização criminosa qualificada”. O texto pretende caracterizar grupos que dominam territórios, interferem em eleições e utilizam atividades econômicas legalizadas para lavagem de dinheiro.
Segundo o assessor especial da Secretaria Nacional de Segurança Pública, João Paulo Martinelli, o projeto está atualmente no gabinete do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e será encaminhado ao chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), antes de seguir para o Legislativo.
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