Criminosos do PCC e CV presos nos EUA poderão cumprir pena junto a terroristas em El Salvador

247 - Criminosos ligados às facções brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), atualmente detidos nos Estados Unidos, poderão cumprir pena fora do país, em uma das prisões mais temidas da América Latina. Segundo Paulo Cappelli, do Metrópoles, o governo do presidente Donald Trump estuda deportar esses detentos para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), em El Salvador, caso eles em a ser oficialmente classificados como terroristas.

A possibilidade está em análise por autoridades americanas, e marca uma mudança significativa na forma como os Estados Unidos lidam com o narcotráfico internacional. A eventual classificação dos integrantes das facções como terroristas abriria caminho para que fossem enviados à unidade prisional construída pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele, um dos principais aliados políticos de Trump na América Central.

Tanto o PCC quanto o CV, originários de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, expandiram suas operações nos últimos anos para além das fronteiras brasileiras. Atualmente, têm presença registrada nos Estados Unidos e em outros países estratégicos para a rota internacional de drogas, em especial a cocaína.

O Cecot foi inaugurado em julho de 2022 com o objetivo declarado de isolar os criminosos mais perigosos de El Salvador. A prisão tem capacidade para até 40 mil detentos e conta com um aparato de segurança que inclui cerca de mil agentes penitenciários, 600 soldados e 250 policiais da tropa de choque.

A “superprisão” de Bukele, no entanto, é alvo constante de denúncias por violações de direitos humanos. Organizações internacionais acusam o governo salvadorenho de manter os detentos em condições degradantes, sem o a garantias jurídicas mínimas. Ainda assim, o presídio se tornou símbolo da política de “mão de ferro” contra o crime adotada por Bukele — política essa que agrada setores conservadores nos Estados Unidos.

Caso a medida seja aprovada, traficantes brasileiros detidos em solo americano seriam transferidos diretamente ao Cecot. Na prática, isso significaria sua expulsão do sistema prisional dos EUA e o cumprimento de penas longas — muitas vezes superiores a 100 anos — em um ambiente extremamente controlado, reservado até então a membros de gangues locais e acusados de terrorismo.