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      Ben Norton

      Jornalista independente e editor do Geopolitical Economy Report

      60 artigos

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      Vice-presidente dos EUA, JD Vance, anuncia a nova estratégia descarada do imperialismo, voltada para a China

      O vice-presidente dos EUA, JD Vance, anunciou o que chamou de uma “nova era” na estratégia militar

      Vice-presidente dos EUA, JD Vance - 18/03/2025 (Foto: REUTERS/Kent Nishimura)

      Publicado originalmente por Geopolitical Economy Report em 4 de junho de 2025

      O vice-presidente dos EUA, JD Vance, anunciou o que chamou de uma “nova era” na estratégia militar.

      “O que estamos vendo do presidente Trump é uma mudança geracional na política [externa]”, declarou. 

      O governo de Donald Trump está abandonando a ênfase anterior do governo dos EUA no chamado soft power (poder brando), explicou Vance, e está, em vez disso, se concentrando no “hard power” (poder duro) e na “força esmagadora”, em um retorno ao imperialismo escancarado, ao estilo do século XIX.

      Segundo Vance, a principal prioridade de Washington agora é a “competição entre grandes potências” e a preparação para uma possível guerra com a China.

      O vice-presidente expôs essa posição em um discurso durante a cerimônia de formatura da Academia Naval dos EUA, em 23 de maio.

      “A era do domínio incontestado dos EUA acabou”

      JD Vance lamentou o fato de que o império dos EUA perdeu a sua dominação unipolar sobre o planeta, à medida que o mundo se torna mais multipolar.

      “Após a Guerra Fria, os Estados Unidos desfrutaram de um controle praticamente inquestionável sobre os bens comuns: o espaço aéreo, o mar, o espaço e o ciberespaço”, relembrou Vance.“Com o colapso da União Soviética, nossos formuladores de políticas presumiram que a primazia estadunidense no cenário mundial estava garantida. Por um breve período, fomos uma superpotência sem nenhum par, nem acreditávamos que qualquer nação estrangeira poderia eventualmente competir com os Estados Unidos da América”, acrescentou.“Mas a era do domínio incontestado dos EUA acabou”, advertiu Vance. “Hoje enfrentamos ameaças sérias vindas da China, da Rússia e de outras nações determinadas a nos vencer em todos os domínios”.

      Preparando-se para a guerra contra a China

      O vice-presidente dos EUA reclamou que, no ado, “nossos líderes trocaram o poder duro pelo poder brando”. Argumentou que isso foi um erro, e que o império dos EUA deveria ter se concentrado em conter a China.

      “Em vez de dedicarmos as nossas energias para responder à ascensão de concorrentes quase-paritários como a China, nossos líderes perseguiram o que presumiram serem tarefas fáceis para a superpotência dominante do mundo”, disse Vance.“Nosso governo tirou os olhos da bola da competição entre grandes potências e da preparação para enfrentar um adversário de mesmo nível e, em vez disso, nos dedicamos a tarefas amplas e amorfas, como caçar novos terroristas enquanto construíamos regimes distantes”, acrescentou.

      O vice-presidente argumentou que foi um erro acreditar que, ao aprofundar a integração econômica e o comércio com a China, os EUA poderiam pressionar o país asiático a mudar o seu sistema socialista.

      “Muitos de nós acreditamos que a integração econômica levaria naturalmente à paz, tornando países como a República Popular da China mais parecidos com os Estados Unidos”, lamentou.

      Em outras palavras, Vance reconheceu que muitos funcionários em Washington queriam que a China se tornasse um títere obediente, como o Japão. Eles pensavam que poderiam pressionar Pequim a se subordinar aos EUA, mas fracassaram.

      Assim, agora o governo Trump está redirecionando a política externa dos EUA para se preparar para uma guerra potencial contra a China.

      Um retorno a uma forma mais escancarada de imperialismo

      Alguns apoiadores de Trump interpretaram fora de contexto os comentários de Vance para alegar que o governo Trump estaria supostamente se afastando de uma política externa hiperintervencionista e se aproximando de uma postura mais contida, isolacionista. Mas isso não é o que está acontecendo.

      O discurso de Vance deixou claro que o governo Trump quer retornar a uma forma mais aberta e tradicional de imperialismo.

      O que está mudando é que o governo Trump está abandonando a narrativa cínica de que a política externa dos EUA seria motivada por “promoção da democracia” ou “direitos humanos”.

      Vance indicou que o império dos EUA continuará travando guerras, e tentará vencê-las por meio do uso de “força esmagadora”. No entanto, isso não será mais feito em nome da “democracia” ou dos “direitos humanos”.

      Vance alertou os formandos da Academia Naval dos EUA de que estão em uma “era muito perigosa” e que terão uma nova “missão”.

      O vice-presidente afirmou abertamente que as tropas dos EUA serão enviadas para mais guerras — e que a questão não é se, mas quando.“Estamos retornando a uma estratégia fundamentada no realismo e na proteção de nossos interesses nacionais centrais”, disse Vance. “Agora, isso não significa que vamos ignorar ameaças, mas sim que vamos abordá-las com disciplina e que, quando os enviarmos à guerra, o faremos com um conjunto muito específico de objetivos em mente”.

      Estratégia militar do governo Trump: “força esmagadora” e orçamento de US$ 1 trilhão

      Como exemplo da nova Doutrina Trump, Vance apontou com orgulho a campanha de bombardeios do Pentágono no Iêmen — o país mais pobre da Ásia Ocidental.

      Vance vangloriou-se de que o governo Trump usou “força esmagadora contra alvos militares houthis”. Trata-se de uma referência aos chamados “houthis”, o grupo armado oficialmente conhecido como Ansarallah, que governa o norte do Iêmen.

      A guerra de Trump contra o Iêmen foi “como o poder militar deve ser usado: de forma decisiva, com um objetivo claro”, disse Vance.

      “Devemos ser cautelosos ao decidirmos desferir um golpe, mas quando decidirmos desferir um golpe, o faremos com força, e o faremos de maneira decisiva — e é exatamente isso que podemos pedir a vocês que façam”, disse aos formandos da Academia Naval.

      Vance acrescentou: “Com o governo Trump, nossos adversários agora sabem que, quando os Estados Unidos traçam uma linha vermelha, ela será imposta, e que, quando agimos, o fazemos com propósito, com força superior, com armas superiores e com as melhores pessoas do mundo”.

      Na realidade, em vez de promover o isolacionismo e se opor ao intervencionismo, o governo Trump está aumentando o orçamento militar dos EUA para mais de US$ 1 trilhão por ano.

      “Vou apoiar um investimento recorde de US$ 1 trilhão em nossa defesa nacional”, disse Trump em um discurso em uma base militar dos EUA. “Vamos alcançar a marca de US$ 1 trilhão, o maior do mundo, o maior da história do nosso país”.“Nenhum outro país investiu tanto”, gabou-se Trump. “Temos um orçamento de US$ 1 trilhão para as forças armadas neste ano, e temos planos tremendos”.

      Cruzadas ideológicas dos EUA

      Em uma das partes mais hipócritas de seu discurso na cerimônia de formatura da Academia Naval dos EUA, JD Vance afirmou que o governo Trump está realizando uma “mudança de pensamento, das cruzadas ideológicas para uma política externa baseada em princípios”.

      Isso foi profundamente irônico, porque o secretário de Defesa extremamente belicista de Trump, Pete Hegseth, é um autodeclarado “cruzado”.

      Em seu livro de 2020, American Crusade, Hegseth — ex-apresentador da Fox News — escreveu com orgulho que a direita dos EUA está travando uma “guerra santa” contra a China, a esquerda internacional e o Islã.Hegseth, um belicista convicto, tem buscado rebatizar os soldados dos EUA como “guerreiros de combate” (warfighters), usando constantemente esse termo em suas declarações públicas.Em seu discurso na Academia Naval, Vance fez o mesmo, elogiando repetidamente os soldados dos EUA como “warfighters”.

      Marco Rubio: China é o principal alvo do governo dos EUA

      Altos funcionários do governo Trump deixaram claro que o principal alvo do império dos EUA é a China.

      JD Vance transmitiu essa mensagem em seu discurso na Academia Naval dos EUA.

      Isso também foi repetidamente enfatizado por Marco Rubio — um neoconservador belicista de longa data — que está servindo simultaneamente como secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional de Trump (tornando-se apenas a segunda pessoa na história dos EUA a ocupar ambas as posições ao mesmo tempo, após Henry Kissinger).

      Em sua audiência de confirmação no Senado em janeiro, Rubio destacou que todo este século será construído sobre a nova guerra fria de Washington contra a China.

      Rubio declarou (ênfase adicionada):

      O Partido Comunista da China, que lidera a RPC, é o adversário quase-paritário mais potente e perigoso que esta nação já enfrentou. Eles possuem elementos que a União Soviética jamais teve. Eles são um adversário e competidor tecnológico, um competidor industrial, um competidor econômico, um competidor geopolítico, um competidor científico agora — em todos os domínios.

      É um desafio extraordinário. Acredito que ele definirá o século XXI. Quando escreverem o livro sobre o século XXI, haverá alguns capítulos sobre Putin; haverá alguns capítulos sobre outros lugares; mas a maior parte desse livro será não apenas sobre a China, mas sobre a relação entre a China e os Estados Unidos, e sobre o rumo que essa relação tomou.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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