O oportunismo do eterno candidato Ciro Gomes
Ciro 2026 vem aí. O candidato adotará um discurso de oposição radical ao governo Lula
Alguém duvidava de que Ciro Gomes esperava a hora certa para soltar seus cachorros contra o governo Lula e tentar levar o PDT para a oposição? Um falso gesto de solidariedade a Carlos Lupi e um ataque à figura do novo ministro da Previdência, seu desafeto Wolney Queiroz, marcam a largada de Ciro na corrida presidencial de 2026.
O ex-governador, ex-ministro, ex-deputado e sempre boquirroto Ciro julga-se o mais preparado brasileiro para ocupar a Presidência da República e vai perseguir seu sonho eternamente. A crença cega em algo fantasioso e a obsessiva busca pelo que já se mostrou inalcançável são características que o tornam uma espécie de José Serra redivivo. Como se sabe, Serra perseguiu o Planalto até sua saúde dizer chega.
Ciro Gomes mostrou-se um quadro qualificado nos cargos executivos que ocupou, é verdade. Apesar de ter navegado com PDS, PMDB, PSDB, PSB, Pros e PDT, o que indicaria enorme vazio ideológico, sempre foi um realizador pragmático. Deixou o governo do Ceará com 74% de aprovação, finalizou a implantação do Plano Real como ministro da Fazenda de Itamar Franco e, como ministro da Integração Nacional no primeiro governo Lula, de 2003 a 2006, imprimiu bom ritmo à gigantesca obra de transposição do Rio São Francisco.
Tal currículo nunca foi suficiente para que os eleitores o ungissem com votos. E Ciro Gomes partiu para a verborragia destemperada misturada com a exibição orgulhosa de seus conhecimentos econômicos. Adicionou ao pacote boa dose de moralismo, posando de arauto da honestidade. Nunca se viu um político tão presunçoso, capaz de dizer a seguinte frase à Folha de S. Paulo, em 2022: “Eu sou o mais preparado. Falo com propriedade sobre tudo, da economia à geopolítica”.
Supondo ser-lhe útil a “polarização” Lula-Bolsonaro, vestiu-se de terceira via. Esborrachou-se. Mas deixou um legado de impropérios contra Lula, de quem fora ministro, e de obviedades contra Bolsonaro. “Lula está preparando o Brasil para ser governado por um ladrão ou por um miliciano”, disse em entrevista à CNN em 2021. Por pouco, com a ajuda de Ciro, o miliciano não foi o vencedor. Registre-se o primarismo de que se tentar ligar Lula a casos de corrupção depois do desmascaramento da farsa chamada Operação Lava Jato.
Ciro 2026 vem aí. O candidato adotará um discurso de oposição radical ao governo Lula. Não será surpresa se surgirem ataques à honra do presidente e falas misóginas contra a primeira-dama. Na economia, o bombardeio deverá vir pela esquerda, alardeando-se falta de coragem do ministro Fernando Haddad para confrontar “o mercado”. O avanço do emprego, o aumento da renda e o crescimento do PIB serão tratados como voos de galinha. E o candidato terá 3% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial de 2026, o mesmo que obteve em 2022.
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