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      Luis Mauro Filho

      Luis Mauro Filho é jornalista, formado em Estudos de Mídia pela Universidade do Wisconsin, e é editor do Brasil 247.

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      EUA sabotam seus campeões com tarifaço: Nvidia antecipa prejuízos para segundo trimestre em novo balanço

      Apesar de lucro recorde no primeiro trimestre de 2025, projeção de queda nas vendas à China expõe os efeitos negativos do tarifaço no setor de tecnologia

      Logo da Nvidia (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Arquivo)

      A Nvidia, líder global em desenvolvimento de chips gráficos e processadores de inteligência artificial, divulgou em maio um desempenho financeiro robusto para o primeiro trimestre de 2025. 

      A empresa registrou receita de US$ 44,1 bilhões, acima das expectativas de analistas, e obteve um lucro ajustado por ação de US$ 0,96, superando a previsão de US$ 0,93. O bom resultado foi impulsionado sobretudo pela divisão de data centers, que somou US$ 39,1 bilhões, e pela área de games, que arrecadou US$ 3,8 bilhões no período.

      No entanto, mesmo com números sólidos, a companhia adotou um tom mais cauteloso para o segundo trimestre. A Nvidia projeta faturamento de aproximadamente US$ 45 bilhões entre abril e junho, levemente abaixo dos US$ 45,9 bilhões estimados por analistas. O principal motivo dessa desaceleração é o impacto direto das novas restrições de exportação impostas pelos Estados Unidos à China, estimado em até US$ 8 bilhões em perdas de vendas.

      As novas tarifas, anunciadas pelo presidente Donald Trump em abril, intensificaram a já tensa guerra comercial entre as duas potências. Os EUA elevaram drasticamente as alíquotas sobre importações chinesas, com percentuais de até 145% em alguns setores. Em resposta, a China impôs tarifas adicionais sobre todos os produtos americanos e restringiu a exportação de materiais estratégicos, como terras-raras.

      Para empresas como a Nvidia, que tinham na China seu principal mercado de exportação, o impacto foi imediato. No último trimestre, o país asiático respondeu por 12,5% da receita total da companhia. Analistas alertam que essa participação pode ser nula nos próximos meses. .

      Além disso, especialistas apontam que parte das vendas atuais pode estar inflada por compras antecipadas de clientes chineses, que se apressaram em estocar os chips da Nvidia antes da entrada em vigor das restrições. 

      Esse cenário marca uma forte virada em relação a 2024, quando a empresa viveu um ano de crescimento explosivo. Impulsionada pela corrida por chips de inteligência artificial, a companhia triplicou de valor no ano ado, chegando a figurar brevemente como a empresa mais valiosa do mundo. O otimismo com o setor elevou as expectativas sobre sua expansão global, agora ameaçada pelas barreiras comerciais.

      Enquanto os Estados Unidos dificultam o o da Nvidia ao mercado chinês, o governo de Pequim acelera sua estratégia de independência tecnológica. A China planeja investir cerca de US$ 38 bilhões em equipamentos de fabricação de chips em 2025, superando amplamente os valores estimados para Estados Unidos e Japão. Mesmo com uma queda de 24% em relação ao recorde de 2024, o volume mantém o país na dianteira dos aportes globais.

      Paralelamente, Pequim aposta em tecnologias abertas como alternativa às restrições ocidentais. Pela primeira vez, o país está elaborando uma diretriz nacional para incentivar o uso de chips baseados na arquitetura RISC-V, uma plataforma open-source sem vínculos com os Estados Unidos. 

      A Academia Chinesa de Ciências também lidera o desenvolvimento do processador XiangShan, que promete ser o “Linux dos chips”, por sua arquitetura livre, com entrega prevista até o fim deste ano.

      Essas iniciativas contam com forte apoio público e visam reduzir a dependência de designs controlados por empresas americanas. Ao mesmo tempo, colocam pressão sobre os EUA, que veem suas principais companhias tecnológicas enfrentando barreiras comerciais impostas por seu próprio governo.

      Ainda nesta semana, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, criticou abertamente as restrições de exportação, afirmando que elas estão gerando o efeito oposto ao desejado. Segundo ele, as medidas estão “dando resultado inverso para as empresas americanas” e criando incentivos para que a China invista em alternativas locais. Huang chegou a classificar as políticas comerciais do governo Trump como um “fracasso” durante conferência recente do setor.

      No plano internacional, os efeitos do tarifaço também repercutem negativamente. A China levou as medidas dos EUA à Organização Mundial do Comércio e as classificou como “bullying” comercial. A postura protecionista dos americanos tem gerado reações duras de parceiros internacionais e isolado Washington em fóruns globais. Dentro dos EUA, associações empresariais e setores estratégicos, como agricultura e tecnologia, vêm pressionando por moderação.

      Em resumo, a estratégia de Trump para conter o avanço tecnológico chinês tem se mostrado, até o momento, ineficaz e contraproducente. Em vez de enfraquecer seus concorrentes, as sanções estão impulsionando o desenvolvimento de soluções alternativas e restringindo os ganhos das empresas norte-americanas. 

      No caso da Nvidia, que representava o ápice da liderança dos EUA em inteligência artificial, os efeitos já são concretos: embora ainda lucrativa, a empresa enfrenta um ambiente mais instável, com riscos reais à sua expansão global.

      O resultado é que, na prática, as barreiras comerciais têm ajudado a reduzir a vantagem dos Estados Unidos na corrida tecnológica com a China. O país asiático não apenas resiste ao bloqueio, como amplia seus investimentos em inovação e pode, nos próximos anos, diminuir ainda mais a distância em relação aos rivais ocidentais. 

      Se não houver mudança de rumo nas políticas comerciais americanas, essa tendência deve se acentuar – com efeitos duradouros para o setor mais estratégico da economia global.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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