Tim Cook perde influência em Washington e Apple volta a ser alvo de Trump

247 - A relação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o CEO da Apple, Tim Cook, sofreu um abalo significativo após a ausência de Cook na recente viagem presidencial ao Oriente Médio. 

Segundo informações do The New York Times, Trump demonstrou irritação com a decisão de Cook de não acompanhar a comitiva, o que resultou em críticas públicas ao executivo durante eventos na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.

Durante um discurso em Riad, Trump elogiou a presença de Jensen Huang, CEO da Nvidia, e alfinetou Cook: "Quero dizer, Tim Cook não está aqui, mas você está", disse ao se referir a Huang. Posteriormente, em Doha, o presidente afirmou ter "um pequeno problema com Tim Cook", destacando que, embora a Apple tenha investido nos EUA, agora estaria expandindo sua produção na Índia, o que não seria do seu agrado.

A tensão aumentou quando Trump ameaçou impor uma tarifa de 25% sobre iPhones fabricados fora dos Estados Unidos. A medida foi vista como uma retaliação à decisão da Apple de ampliar a produção na Índia, após isenções anteriores conquistadas por lobby da empresa. Em sua plataforma Truth Social, Trump afirmou: "Eu já informei há muito tempo ao Tim Cook da Apple que espero que os iPhones vendidos nos Estados Unidos sejam fabricados e construídos nos Estados Unidos, não na Índia ou em qualquer outro lugar". 

A Apple tem buscado diversificar sua cadeia de suprimentos, reduzindo a dependência da China. A expansão na Índia faz parte dessa estratégia, com planos de fabricar a maioria dos iPhones vendidos nos EUA no país asiático até o final de 2026.

Analistas apontam que transferir a produção para os EUA seria um desafio logístico e financeiro significativo para a Apple. Estima-se que o custo de montagem de um iPhone nos EUA seria cerca de US$ 390, comparado aos US$ 30 na Índia, devido principalmente aos custos de mão de obra.

A ameaça de tarifas já impactou o mercado financeiro. As ações da Apple registraram uma queda de 3% após o anúncio de Trump, refletindo a preocupação dos investidores com possíveis aumentos de custos e interrupções na cadeia de suprimentos.