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      Declaração de Pequim marca novo horizonte para América Latina e Caribe

      O presidente Lula e o jornalista Leonardo Attuch são citados pelo Global Times por avaliarem que documento simboliza a nova ordem mundial

      Presidente Lula discursa na abertura do fórum China-CELAC, em Beijing (Foto: Brasil247)
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      247 - Durante a quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC, realizada em Pequim, os países membros da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) aprovaram por unanimidade a Declaração de Pequim, um documento que repercutiu intensamente não apenas na região, mas em todo o Sul Global. A análise e editorial do jornal chinês Global Times, jornal chinês com projeção internacional, destacaram os múltiplos significados da declaração, aplaudida com entusiasmo por líderes e analistas latino-americanos.

      O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, saudou o conteúdo do documento como “uma fonte de encorajamento” para os países da América Latina e do Caribe. Segundo Lula, a declaração representa “uma esperança” de que potências econômicas como a China estejam dispostas a contribuir com o desenvolvimento das nações mais pobres. O jornalista brasileiro Leonardo Attuch também avaliou o texto como um marco simbólico de uma nova ordem mundial: “Ela abre uma janela histórica para a América Latina remodelar seu futuro” e “simboliza um novo mundo emergindo do colapso da ordem imperialista – um mundo que reconstrói as relações internacionais sobre os fundamentos da justiça, do respeito e da autodeterminação nacional”.

      Essas declarações ajudam a compreender o motivo pelo qual o documento chinês-latino-americano foi recebido com tamanha receptividade. A Declaração de Pequim não é apenas um acordo diplomático, mas um manifesto político do Sul Global, estruturado em torno de palavras-chave como “desenvolvimento” (19 vezes), “cooperação” (18 vezes) e “equidade”, “justiça” ou “igualdade” (8 vezes). Essas palavras não estão ali por acaso: elas traduzem um compromisso com valores compartilhados entre a China e os países da CELAC e uma aposta em uma ordem internacional baseada no respeito mútuo, na paz e na solidariedade.

      O documento reafirma a centralidade da ONU como arena multilateral e destaca a urgência de fortalecer o direito internacional, além de promover a solução pacífica de disputas. A Declaração também sustenta que a governança econômica global deve incorporar as preocupações dos países em desenvolvimento e defende um comércio internacional justo, transparente e baseado em regras. Ao mesmo tempo, reafirma o interesse mútuo em avançar na cooperação em áreas como infraestrutura, conectividade, ciência e tecnologia, transição energética e erradicação da pobreza.

      Um ponto particularmente simbólico do texto é a menção ao Haiti, país que ainda não mantém relações diplomáticas com a China. A Declaração de Pequim expressa apoio à reconstrução de um ambiente seguro no Haiti, em colaboração com a ONU e a comunidade internacional, com base em uma abordagem integrada de desenvolvimento. O editorial do Global Times observa que, para além da questão haitiana, esse modelo “de resolução de contradições sociais por meio do desenvolvimento abrangente” pode servir como inspiração para diversos países assolados por crises estruturais de segurança e subdesenvolvimento.

      Outro destaque da reunião foi a apresentação de projetos concretos da cooperação China-CELAC, como o lançamento do plano de ação conjunto 2025-2027, a criação de cinco programas prioritários e a recente inauguração do porto de Chancay, no Peru. Com isso, a relação bilateral deixa de ser retórica e assume contornos práticos, orientados por um modelo de desenvolvimento menos dependente das estruturas dominadas por potências ocidentais. Como destacou o editorial, “os inúmeros resultados frutíferos comprovam que, ao escapar da armadilha do desenvolvimento dependente dominado pela hegemonia, os países do Sul Global podem trilhar um caminho vibrante de desenvolvimento e revitalização”.

      A fala do presidente chinês Xi Jinping, citada no editorial, sintetiza o espírito do momento:

      “A China e os países da ALC são membros importantes do Sul Global. Independência e autonomia são nossa gloriosa tradição. Desenvolvimento e revitalização são nossos direitos inerentes. E equidade e justiça são nossa busca comum.”

      A retórica de Xi é mais do que simbólica. Representa uma mudança na correlação de forças da diplomacia internacional. Ao articular um discurso de soberania, multilateralismo e equidade, a Declaração de Pequim confronta diretamente o modelo de alianças centradas no eixo Estados Unidos-Europa, propondo um paradigma que prioriza os interesses dos países em desenvolvimento. Em tempos de instabilidade geopolítica, guerras e sanções unilaterais, a proposta ganha força ao reunir legitimidade moral e respaldo prático.

      A relação entre a China e os países da América Latina e do Caribe vem se aprofundando nos últimos anos, com crescimento expressivo nas trocas comerciais, na transferência de tecnologia e na cooperação em infraestrutura. O comércio bilateral já ultraa a marca dos US$ 500 bilhões, segundo dados divulgados durante o fórum. Para muitos analistas, trata-se de um reposicionamento estratégico da América Latina em direção a uma inserção internacional mais autônoma e menos dependente dos centros tradicionais de poder.

      A Declaração de Pequim, portanto, não é apenas um documento formal, mas um marco na luta por um novo sistema internacional. Ela simboliza o amadurecimento político de um bloco de países que já não se contenta com papéis secundários nas decisões globais. Ao defender a paz, o respeito à soberania, a justiça econômica e o multilateralismo real, os países da CELAC, em parceria com a China, dão um o significativo para a construção de um mundo verdadeiramente multipolar.

      Como aponta o Global Times, “a árvore da cooperação China-ALC florescerá com ainda mais vitalidade”. Para muitos, esse florescimento pode significar o início de uma nova era para a América Latina e o Caribe – uma era de mais soberania, justiça e desenvolvimento compartilhado.

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