Parceria da China com América Latina demonstra a “vitalidade vibrante” do Sul Global, destaca editorial do Global Times
Fórum China-CELAC reforça cooperação para desenvolvimento conjunto, justiça internacional e multilateralismo com respaldo firme de países latino-americanos
247 - Na mais recente demonstração de alinhamento entre China e América Latina, a Quarta Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC foi realizada nesta terça-feira (13), em Pequim, com a presença de líderes políticos, chanceleres e representantes de todos os Estados-membros da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). O evento reafirmou o compromisso das partes com o fortalecimento da cooperação Sul-Sul e foi amplamente coberto pelo jornal Global Times, que destacou em editorial o vigor crescente da aliança entre Pequim e os países latino-americanos.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente chinês Xi Jinping anunciou cinco iniciativas estratégicas destinadas a reforçar a solidariedade, o desenvolvimento, o intercâmbio civilizacional, a paz e a conectividade entre os povos da China e da América Latina. “Dez anos depois, com o cuidado dedicado de ambas as partes, o Fórum cresceu de uma muda tenra para uma árvore imponente. Isso me enche de profundo orgulho e satisfação”, afirmou Xi, em uma metáfora que ilustra a consolidação do diálogo e da parceria ao longo da última década.
A reunião teve como tema central o desenvolvimento compartilhado e a construção de uma comunidade com futuro compartilhado entre a China e os países da América Latina e Caribe. A presença de lideranças como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia) e Gabriel Boric (Chile) demonstrou o peso político do encontro. O New York Times, em sua cobertura, citou especialistas que destacaram que a presença ativa de tantos chefes de Estado evidencia que os países da região “querem manter Pequim ao seu lado”.
Dois documentos importantes foram aprovados: a Declaração de Pequim e o Plano de Ação Conjunto China-CELAC (2025-2027), que definem áreas prioritárias de cooperação. Os textos reforçam o compromisso com a paz, a justiça internacional, o respeito à soberania e o desenvolvimento econômico independente, pilares que têm aproximado as duas regiões em contraponto à política de interferência e hegemonismo das potências ocidentais.
“A cooperação China-ALC tornou-se um modelo para a coordenação do processo de modernização e desenvolvimento sustentável”, afirma o editorial.
Entre os frutos concretos da parceria estão os mais de US$ 500 bilhões de comércio bilateral em 2024 — volume 40 vezes maior que no início do século — e os avanços na Iniciativa Cinturão e Rota, com mais de 20 países da ALC já integrados à proposta chinesa. Durante a reunião, a Colômbia formalizou sua adesão à iniciativa. Projetos estruturais como o Porto de Chancay, no Peru, e o Parque Industrial Phoenix Park são exemplos do impacto real da cooperação.
No campo das tecnologias emergentes, a aliança também avança em áreas como energia renovável, carros elétricos, digitalização e e-commerce. A aposta é em uma colaboração que vá além do comércio e que promova intercâmbios culturais, educacionais e científicos. .
Outro ponto central da reunião foi a defesa do mundo multipolar, multilateral e justo. A China e os países da CELAC vêm atuando em convergência em fóruns internacionais sobre temas como mudanças climáticas, segurança alimentar, governança digital e reforma da ordem econômica internacional. Esse alinhamento, segundo o Global Times, é uma demonstração clara de que a América Latina não é “quintal” de ninguém, tampouco um “campo de batalha” entre grandes potências. “É uma fronteira para o desenvolvimento e um terreno fértil para a cooperação vantajosa para todos”, destaca o editorial.
Ao fim da reunião, Xi Jinping sintetizou os valores que unem China e América Latina em um trecho de forte simbolismo: “Somos membros importantes do Sul Global. Independência e autonomia são nossa gloriosa tradição. Desenvolvimento e revitalização são nossos direitos inerentes. E equidade e justiça são nossa busca comum.”
Ao completar uma década, o Fórum China-CELAC firma-se como um instrumento vital na articulação de uma nova ordem internacional mais equitativa. A sombra frondosa da "árvore da amizade" entre China e América Latina projeta um horizonte promissor de paz, desenvolvimento, justiça e soberania para os povos do Sul Global.
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