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      A integração energética regional e o desafio de exportar a produção de Vaca Muerta para o Brasil

      Especialistas participaram do Encontro de Energia e Produção 2025, em Bariloche: o futuro dos gasodutos e o potencial da aliança com a Argentina

      Estefanía Pozzo, Leonardo Attuch, Marcello Gomes Weydt e Ricardo Savini (Foto: Divulgação)
      Guilherme Levorato avatar
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      Ámbito Financiero - Empresários, autoridades e especialistas do Brasil e da Argentina participaram do duplo "Argentina-Brasil: o desafio da integração energética regional", no qual abordaram o desafio de exportar a produção de Vaca Muerta para o país vizinho. O evento ocorreu durante o Encontro de Energia e Produção 2025, organizado por Ámbito, Polp-P e Energy Report, na cidade de San Carlos de Bariloche.

      A primeira parte foi moderada pela diretora do The Buenos Aires Herald, Estefanía Pozzo, e contou com a participação do CEO da Fluxus Oil Gas & Energy, Ricardo Savini, e do diretor de Gás do Ministério de Minas e Energia do Brasil, Marcello Gomes Weydt.

      A segunda etapa foi conduzida por Fernando Heredia, jornalista especializado em energia. Participaram como palestrantes Marcelo Miterhof, economista da Diretoria de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e os jornalistas Leonardo Attuch, diretor do Brasil 247, e Marcia Carmo.

      A importância da integração energética entre Argentina e Brasil - No início, Gomes Weydt falou sobre a reforma do gás natural promovida pelo Brasil e destacou a relevância da relação com a Argentina. "Estamos trabalhando em uma reforma do mercado de gás natural para desvinculá-lo da volatilidade dos preços. Isso está relacionado à produção interna e à integração regional", explicou.

      Aprofundando esse aspecto, detalhou: "Há um grupo de trabalho entre Brasil e Argentina que já discute os pontos, a integração, a construção e a infraestrutura para que o mercado possa se desenvolver, mas o grande desafio é a monetização; como definir os preços para contratos de longo prazo".

      Em seguida, o representante brasileiro afirmou que "é importante criar a riqueza de forma integrada na região da América do Sul". "O Brasil já possui uma matriz energética muito limpa, mas o gás contribui para a descarbonização como uma fonte estável de energia", destacou.

      Na sequência, Savini mencionou que a Fluxus Oil Gas & Energy é uma produtora de petróleo e gás "muito ativa na Argentina e na Bolívia", e que integra o grupo J&F, cuja matriz diversificada de investimentos abrange mineração e bancos, entre outros setores. "Temos uma trader de gás chamada Enegas, que foi uma das primeiras a testar a exportação de gás da Argentina para o Brasil, fomos pioneiros nisso", destacou.

      E acrescentou: "O Brasil é um país com uma matriz industrial muito ampla. Nosso grupo econômico é um exemplo da integração energética, porque temos produção, venda e consumo de gás no Brasil. O grupo econômico J&F é um grande consumidor de gás, por isso nos interessa estar onde há produção".

      Sobre a Argentina, ressaltou que o grupo está presente em Neuquén, no Campo Centenário, situado na capital da província: "É um campo de gás, mas com o potencial de Vaca Muerta, que vamos testar".

      "O consumo de gás natural como fonte energética para as indústrias no Brasil é como a história do cachorro correndo atrás do próprio rabo. As indústrias só vão transformar seus motores para o gás natural se tiverem segurança de que haverá gás suficiente e barato para manter seus custos competitivos. É aí que Vaca Muerta entra com muita força", frisou.

      Nesse sentido, mencionou que há muito gás que virá de Vaca Muerta por três rotas: "Uma é interna, outra é utilizar a rede de dutos já existente, como os que am pela Bolívia ou por Uruguaiana, e depois o GNL, onde há muito gás. É uma boa solução para o mercado global. O Brasil faz parte desse mercado".

      Savini afirmou ainda que a Bolívia tem uma geografia muito favorável à produção de gás, mas que em 2006 houve uma mudança regulatória que dificultou muito os investimentos primários. "A Bolívia dependeria do investimento da YPFB, uma empresa que respeito muito, mas que não tem condições financeiras para fazer grandes investimentos", completou.

      "A Bolívia seria uma concorrente dura de Vaca Muerta. São geologias diferentes, poços profundos, muito mais caros e com alto risco. O que está acontecendo na Bolívia são apenas pequenos investimentos, recuperando a produção de campos maduros", detalhou.

      Por outro lado, o CEO da Fluxus Oil Gas & Energy afirmou que a "Argentina é bem mais favorável ao investimento privado", embora tenha apontado entraves regulatórios no dia a dia dos campos petrolíferos. Lembrou que há 18 meses estão realizando uma transferência operacional com a Pluspetrol: "É muito tempo. Ainda não temos a aprovação da Secretaria de Energia de Neuquén, embora agora tenha começado a se destravar".

      Para concluir, o diretor de Gás do Ministério de Minas e Energia do Brasil, Marcello Gomes Weydt, retomou o que foi dito por Savini e afirmou que o mesmo ocorre com a infraestrutura necessária para transportar o gás. Detalhou que a dificuldade de financiamento não está tanto no o ao crédito, mas nas regulações que precisam ser alteradas para que isso ocorra.

      Políticas de longo prazo e o papel do setor público - Na segunda parte do , Marcelo Miterhof iniciou destacando os 200 anos de relação entre Argentina e Brasil, e falou sobre a necessidade de avançar no gasoduto que conecte os dois países.

      Sobre a possibilidade de financiar a parte argentina do gasoduto a partir do Brasil, afirmou que o cenário era melhor em 2012 ou 2013, "quando tínhamos empresas de construção fortes, capazes de competir com obras no exterior, e podíamos ainda financiar as exportações brasileiras de serviços de engenharia para essas obras. Agora, infelizmente, o Brasil não tem empresas capazes de fazer isso".

      "Espero que no futuro voltemos a ter. Mesmo que tivéssemos, teríamos que conseguir que a empresa quisesse fazer a obra na Argentina; precisaríamos de outra forma de financiamento. O Brasil já importa muito gás GNL, que é muito caro", explicou.

      Por outro lado, ressaltou que financiar o trecho brasileiro, de Uruguaiana a Porto Alegre, é mais viável, pois "faz parte do mandato do BNDES financiar infraestrutura no Brasil": "De modo geral, sempre buscamos que o capital privado participe do financiamento".

      Mais tarde, Attuch recordou que, em um seminário recente, o presidente da Confederação da Indústria afirmou que no Brasil "a energia é muito barata de produzir e muito cara para os consumidores". "É necessário torná-la mais econômica, e a exportação da Argentina faz parte disso", relatou.

      Por sua vez, Marcia Carmo destacou que no Brasil "estão acostumados com políticas de longo prazo. Tenho a sensação de que cada presidente que chega na Argentina tem uma nova intenção. Isso gera dúvidas nos investidores".

      "No Brasil, há uma percepção mais voltada para o longo prazo. Isso faz a diferença", acrescentou, argumentando que isso se deve, em parte, à boa coordenação entre o governo federal e os governadores brasileiros. Em seguida, defendeu que, apesar das diferenças, seja construída uma relação pragmática entre o presidente Javier Milei e seu homólogo brasileiro. "Eventos como este são fundamentais: precisamos nos conhecer mais. Felizmente, os jovens conhecem mais a Argentina e a América Latina", completou.

      Mais adiante, ao retomar a palavra, Miterhof afirmou que o Brasil enfrenta muitos desafios na transição energética, mas também possui diversas oportunidades: "Ser uma economia neutra está, provavelmente, mais ao alcance do Brasil do que de outras economias".

      "50% das emissões brasileiras vêm do desmatamento. Se quisermos ter uma economia neutra, a primeira medida é cumprir a meta do governo federal, que é acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Talvez também seja necessário reduzir o desmatamento legal", detalhou.

      Avançando em sua fala, mencionou que o Brasil tem água, sol, vento e biomassa: "Há abundância nas principais fontes de energia renovável. Existe um sistema interligado que facilita a compensação das variabilidades das energias renováveis".

      "Temos outras oportunidades associadas à energia limpa, como o SAF, combustível sustentável para aviação; o biometano e uma grande possibilidade de continuar expandindo as fontes solar, eólica e hidrelétrica", destacou.

      Questionado sobre como o Brasil conseguiu levar as energias limpas para os lares, em contraste com a Argentina, o jornalista Leonardo Attuch mencionou que o sistema brasileiro se desenvolveu muito e que entrará em uma nova fase, em que levará essa energia às residências.

      No entanto, lembrou que ainda é uma energia cara. "Há uma política de subsídios agora para garantir tarifas sociais ou uma compensação para que quem não pode pagar, pague menos", completou.

      Miterhof, por sua vez, reconheceu que a Argentina tem muitas dificuldades com financiamento de longo prazo e elogiou a experiência do BNDES: "Desenvolver as finanças privadas é muito positivo para todos, mas ter um banco público que atue diariamente e que seja capaz de fazer o esforço anticíclico é um instrumento que o Brasil possui hoje".

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