ABDE reforça papel estratégico do financiamento à energia verde na Brazil Energy Conference
Evento internacional no Piauí reúne mais de 4,5 mil participantes para assistir aos debates sobre o desenvolvimento sustentável da região
247 - Teve início nesta quarta-feira (4), em Teresina (PI), a Brazil Energy Conference 2025, evento internacional que posiciona o Brasil como protagonista na transição para fontes de energia limpa, inclusiva e sustentável, com foco no estado piauiense. A conferência é promovida pelo Governo do Estado do Piauí, com correalização da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e com apoio da Agência de Fomento e Desenvolvimento do Estado do Piauí (Badespi).
Durante a cerimônia de abertura, a presidente da ABDE e diretora de Crédito Digital para Micro, Pequenas e Médias Empresas no BNDES, Maria Fernanda Coelho, destacou a oportunidade histórica da transição energética para impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável, com o Nordeste como protagonista e o Sistema Nacional de Fomento (SNF) como alicerce.
“O Nordeste, que já responde por uma parcela significativa da geração de energia limpa no país, ultraando 20 gigawatts em capacidade instalada de energia solar e eólica, hoje já gera mais do que a própria Usina Hidrelétrica de Itaipu”, afirmou.
Maria Fernanda também argumentou que o mundo vive um momento em que a emergência climática impõe uma transformação profunda nos modelos de desenvolvimento. “Não se trata apenas de preservar o meio ambiente — trata-se de construir um modelo de crescimento que seja, ao mesmo tempo, socialmente inclusivo, ambientalmente sustentável e economicamente resiliente frente aos desafios cada vez mais frequentes impostos pelos eventos climáticos extremos”.
Segundo ela, o Brasil tem plenas condições de continuar sendo uma referência global na agenda ambiental. “Nossa matriz energética, uma das mais limpas do mundo, já conta com cerca de 89% de fontes renováveis, o que demonstra o compromisso histórico do país com soluções sustentáveis. Somos líderes mundiais na produção de etanol e biocombustíveis, o 5º maior produtor de energia eólica e detentores do 6º maior parque solar do planeta, somando juntos mais de 75 gigawatts de capacidade instalada. Contudo, podemos e devemos ir além”, disse.
A presidente da ABDE citou ainda que o enfrentamento das secas extremas — como a registrada entre 2012 e 2017, uma das mais severas da história — comprovou que, com investimento, planejamento e políticas públicas bem direcionadas, é possível não apenas mitigar os impactos, mas transformar a adversidade em desenvolvimento.
A presidente também enfatizou o papel do Sistema Nacional de Fomento, coordenado pela ABDE, que reúne 34 instituições financeiras públicas e responde por 46% do crédito de longo prazo no país, com uma carteira de financiamento que ultraa R$ 2 trilhões. Nos últimos dez anos, essas instituições já aportaram R$ 146 bilhões em projetos do setor energético.
“O Brasil tem o dever e a oportunidade de liderar globalmente a agenda de desenvolvimento verde. E essa liderança precisa ser construída com justiça social, desenvolvimento local e crédito ível. O futuro sustentável do Brasil a, necessariamente, pelo fortalecimento das instituições de fomento do Nordeste e pelo protagonismo de seus territórios”, concluiu.
Durante o magno de abertura, o diretor executivo da ABDE, André Godoy, ressaltou que a matriz energética brasileira só atingiu 90% de fontes renováveis graças à atuação decisiva dos bancos públicos em momentos de alto risco tecnológico e de mercado.
“Os bancos de desenvolvimento puxaram a fila quando ninguém mais estava disposto a correr o risco. Hoje, com tecnologias emergentes como o hidrogênio verde e novas demandas de infraestrutura de transmissão, esse papel estratégico continua. O setor privado floresce quando o setor público abre caminho”, destacou Godoy.
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, afirmou que o evento é um marco para posicionar o estado como líder na transição energética e que a sustentabilidade deixou de ser apenas uma pauta ambiental, tornando-se eixo central de geração de emprego e renda.
“Hoje o Piauí produz mais de 7 mil megawatts de energia — sete vezes mais do que consome — e 99,75% dessa energia é limpa. Isso é um ativo extraordinário. A energia renovável será a principal alavanca para industrializar o Piauí e o Nordeste, gerando oportunidades reais para a nossa população”, afirmou.
Acordo entre ABDE e Consórcio Nordeste - Durante o evento, foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a ABDE e o Consórcio Nordeste, com o objetivo de impulsionar o crédito, fortalecer agências de fomento regionais e promover o desenvolvimento de setores estratégicos como inovação, infraestrutura, agronegócio e energias renováveis. O acordo prevê o mapeamento de gargalos, capacitação de equipes, intercâmbio de boas práticas e articulação com fontes nacionais e internacionais de financiamento.
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