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      Calote explode na Argentina sob Milei e agrava crise de crédito no país

      Austeridade imposta por Javier Milei pressiona famílias e empresas, com índices de inadimplência em alta e investidores cada vez mais cautelosos

      Presidente da Argentina, Javier Milei - 13/05/2025 (Foto: Agustin Marcarian/Reuters/Arquivo)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A crise social e financeira na Argentina ganhou novos contornos nas últimas semanas, em meio à implementação de um rígido programa de austeridade fiscal pelo presidente Javier Milei. Segundo reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico nesta quarta-feira (4/6), o cenário de calotes e inadimplência se intensificou, atingindo níveis não vistos em anos tanto entre consumidores quanto entre empresas.

      Embora o governo de Milei tenha conseguido certa estabilização econômica desde que assumiu, a fatura tem sido paga com forte sacrifício da população. De acordo com dados do Banco Central da Argentina, os atrasos no pagamento de faturas de cartões de crédito saltaram para 2,8% em março — maior patamar em três anos —, enquanto a inadimplência em empréstimos pessoais chegou a 4,1%, a mais alta em nove meses. O volume de cheques devolvidos também atingiu recordes: foram mais de 64 mil apenas em abril, a maior marca desde a pandemia, com uma taxa de rejeição de 1,3%.

      “O governo Milei enfrenta uma escolha difícil antes das eleições: estabilizar ou estimular”, declarou Gastón Rossi, diretor do Banco Ciudad de Buenos Aires, um dos maiores do país. “O governo optou por reduzir a inflação o mais rápido possível, visando a taxa mais baixa até outubro, mesmo que os salários reais estagnem ou caiam ligeiramente”, acrescentou.

      Com o salário médio comprimido e a inflação ainda na casa dos dois dígitos, muitas famílias argentinas enfrentam dificuldades para manter suas contas em dia. O impacto também é sentido com intensidade no setor empresarial, especialmente entre indústrias, varejistas e construtoras. Exportadoras, que antes lucravam com operações de arbitragem envolvendo o câmbio e crédito barato, agora enfrentam margens espremidas e escassez de liquidez.

      Do lado do mercado de capitais, as empresas enfrentam um ambiente muito mais hostil. Os investidores locais, que tradicionalmente buscavam proteção cambial por meio de títulos corporativos denominados em dólar, estão mais seletivos diante da alta do risco de crédito. A crise ficou evidente em episódios recentes de inadimplência: a empresa energética Albanesi SA não pagou os juros de sua dívida, enquanto a Celulosa Argentina SA alertou sobre possível default. Já a San Miguel AGICI, produtora de cítricos, teve que cancelar sua última emissão de dívida, e a Petrolera Aconcagua Energía SA, em busca de US$ 250 milhões junto a investidores estrangeiros, enfrentou baixa demanda.

      “É um sinal amarelo. A cobrança de crédito está se tornando mais difícil”, alertou Rossi. O agravamento das inadimplências surge em um momento delicado para o governo Milei, que se prepara para as eleições legislativas de meio de mandato, marcadas para outubro. O resultado do pleito servirá como termômetro do apoio popular à sua agenda liberal e poderá impactar diretamente as expectativas dos mercados quanto à continuidade de suas reformas.

      Diante desse panorama, analistas apontam que a política de Milei tem gerado uma situação em que o equilíbrio fiscal vem à custa de uma recessão profunda, com impacto direto na vida das pessoas e no funcionamento das empresas. O presidente, que se elegeu prometendo uma “motosserra” nos gastos públicos, agora precisa lidar com os efeitos colaterais de sua própria estratégia: uma população mais empobrecida e um tecido empresarial à beira da ruptura.

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