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      Guerra comercial: Brasil pode lucrar até US$ 12 bilhões a mais com exportações de soja à China

      Pequim já eleva importações da soja brasileira enquanto tarifas de Trump estremecem o comércio agrícola entre China e Estados Unidos

      Soja (Foto: REUTERS/Jorge Adorno)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China pode transformar o Brasil no principal beneficiário indireto do confronto. De acordo com o InvestNews, a China já vem intensificando suas compras de soja brasileira, ao mesmo tempo em que autoridades do país deixam claro que os grãos norte-americanos, como soja e milho, são "altamente substituíveis".

      Segundo Zhao Chenxin, vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento da China, “essas variedades [de soja, milho e outros grãos dos Estados Unidos] são altamente substituíveis e há oferta suficiente no mercado internacional”. Zhao ainda afirmou que “mesmo que não compremos mais grãos para ração e óleo dos Estados Unidos, isso não vai ter qualquer impacto na oferta de grãos do meu país”.

      Na prática, o “mercado internacional” mencionado por Zhao significa, majoritariamente, Brasil. Hoje, 86% da soja produzida no mundo vem de dois países: Brasil (57%) e EUA (29%). E, em valor, o Brasil exporta anualmente cerca de US$ 36,4 bilhões em soja para a China, enquanto os EUA exportam US$ 12 bilhões.

      Com as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — 145% sobre produtos chineses — e a retaliação de Pequim com 125% de taxação sobre bens americanos, o cenário se repete de forma semelhante ao observado durante o primeiro mandato de Trump, em 2018. Naquele episódio, a soja também foi alvo de retaliações da China e o Brasil acabou ganhando espaço. À época, o preço da soja brasileira disparou até 148%, segundo a consultoria Cogo Inteligência, e o país ou a responder por 75% da soja importada pela China.

      Forte dependência mútua - A relação comercial entre Brasil e China no setor da soja é marcada por intensa interdependência: 75% das exportações brasileiras do grão têm como destino o gigante asiático. Por sua vez, 70% da soja importada pela China vem do Brasil.

      Esse fluxo é sustentado por necessidades estruturais da economia chinesa. O país abriga 17,3% da população mundial, mas dispõe de apenas 8,6% da área agrícola do planeta. Já o Brasil, com 2,6% da população global, detém 4,6% da área cultivada. O consumo de carne na China também aumentou com o crescimento da renda, o que eleva a demanda por soja — base para a alimentação animal de suínos e aves, favoritos na dieta chinesa.

      Mesmo com tentativas recentes do governo chinês para diversificar suas fontes de ração desde 2022, a demanda por soja segue elevada. De janeiro a março de 2025, por exemplo, Pequim acelerou a compra de soja norte-americana em antecipação às sanções, mas a expectativa agora é de queda acentuada dessas importações, a partir de abril.

      Abril brasileiro - O porto de Ningbo-Zhoushan, na costa sul de Xangai, já previa a chegada de 40 navios carregados de soja brasileira no mês de abril — aumento de 48% em relação aos 27 navios registrados no mesmo período de 2024, segundo o China Media Group. Entre eles, o navio Ever Radiance, que deixou o Porto de Santos em 5 de março e atracou em Ningbo-Zhoushan em 24 de abril, foi citado como exemplo do novo fluxo comercial.

      A vantagem de calendário também favorece o Brasil. As exportações brasileiras de soja ganham fôlego no segundo trimestre do ano, enquanto a colheita dos EUA se concentra no fim do segundo semestre. Com o impacto das tarifas e a demanda contínua chinesa, o Brasil pode alcançar um novo recorde de participação no mercado.

      Produção recorde - O setor agrícola brasileiro está bem posicionado para atender a essa demanda crescente. Ao contrário de outras culturas que vêm sofrendo com eventos climáticos extremos, a soja apresenta desempenho robusto. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a colheita da safra 2024/2025, que entra agora em seu último mês, chegará a 168 milhões de toneladas — crescimento de 14% em relação à safra anterior.

      Além disso, os próprios agricultores norte-americanos já dão sinais de que não esperam uma retomada da demanda chinesa. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou, em abril, que a área de plantio de soja será reduzida em 4% neste ano.

      Reprise estratégica - O movimento da China de taxar produtos agrícolas dos EUA é, também, estratégico. Como afirmou Joseph Webster, especialista do Atlantic Council, think tank com sede em Washington, “eles apostam que visar a soja será um ponto dolorido para a Casa Branca: os agricultores dos EUA são uma importante base política [para Trump]”.

      Ao retomar a tática de 2018, a China dá sinais de que não vê problema em repetir o enredo. E o Brasil, mais uma vez, pode ser o principal ganhador desse conflito entre gigantes.

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