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      Economia global já se sente pressionada pelo tarifaço de Trump

      Grandes empresas rebaixam projeções e governos cortam expectativas de crescimento em meio ao impacto das medidas protecionistas dos EUA

      Presidente dos EUA, Donald Trump - 23/04/2025 (Foto: REUTERS/Leah Millis)
      Luis Mauro Filho avatar
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      Reuters - As tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão cada vez mais dificultando o funcionamento da economia global, cuja engrenagem por décadas foi impulsionada por um comércio previsível e relativamente livre.

      Na última semana, multinacionais renomadas e até pequenos negócios de comércio eletrônico reduziram metas de vendas, alertaram sobre cortes de empregos e revisaram seus planos empresariais. Ao mesmo tempo, grandes economias ajustaram para baixo suas projeções de crescimento, à medida que indicadores econômicos apresentaram resultados preocupantes.

      Embora os mercados financeiros ainda apostem que EUA e China evitarão uma guerra comercial em larga escala e que Trump firmará acordos para impedir a elevação de tarifas com outros países, a incerteza sobre os desdobramentos tem, por si só, se tornado um fator de forte impacto negativo.

      “A política tarifária dos EUA representa um choque negativo sério para o mundo no curto prazo”, afirmou Isabelle Mateos y Lago, economista-chefe do banco francês BNP Paribas. Para ela, “o desfecho das tarifas norte-americanas pode estar mais distante e se dar em um nível mais elevado do que se imaginava anteriormente”. Atualmente, as tarifas dos EUA estão em um patamar geral de 10%, com sobretaxas mais altas para setores específicos como aço, alumínio e automóveis.

      China e outras economias reagem

      Na sexta-feira, Pequim declarou estar analisando uma proposta de Washington para a realização de novas negociações sobre as tarifas dos EUA, que chegaram a 145% e foram respondidas pela China com alíquotas de 125%. Paralelamente, a Casa Branca sugeriu estar próxima de fechar acordos com países como Índia, Coreia do Sul e Japão para evitar novas tarifas nas próximas semanas.

      Enquanto isso, empresas como a fabricante sueca de eletrodomésticos Electrolux rebaixaram suas previsões, enquanto a Volvo Cars, a fabricante de órios de informática Logitech e a gigante do setor de bebidas Diageo abandonaram suas metas diante do cenário incerto.

      A exclusão, na semana ada, do regime de isenção de impostos (“de minimis”) para encomendas de comércio eletrônico com valor inferior a US$ 800 provenientes da China representou um golpe duro para pequenos empreendedores.

      “Estamos ando de zero para 145%, o que é realmente insustentável para empresas e consumidores”, disse Cindy Allen, CEO da consultoria global Trade Force Multiplier. “Tenho visto muitas pequenas e médias empresas simplesmente decidirem sair do mercado.”

      Impactos globais e possíveis oportunidades

      O panorama tarifário levou o Banco do Japão a reduzir suas previsões de crescimento na semana ada. Tensões comerciais também foram citadas como motivo para revisões negativas nas projeções de expansão para a Holanda e para a região do Oriente Médio e Norte da África (MENA).

      Mesmo que indicadores oficiais ainda não reflitam completamente o pessimismo, os efeitos já aparecem nas pesquisas com gerentes de compras industriais ao redor do mundo. Na China, por exemplo, a atividade fabril caiu em abril no ritmo mais acelerado dos últimos 16 meses. No Reino Unido, as exportações industriais do mês ado encolheram no ritmo mais acentuado em quase cinco anos.

      Economistas alertam, no entanto, que os dados positivos da Alemanha, focada em exportações, podem ter sido inflados por antecipações de embarques antes que as tarifas entrassem em vigor. “Isso pode resultar em uma queda acentuada nos próximos meses”, advertiu Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.

      Na contramão, a Índia alcançou em abril o maior crescimento industrial em dez meses. Analistas apontam que, por enfrentar tarifas mais brandas que a China e abrigar parte da produção da Apple transferida do país vizinho, a Índia pode sair fortalecida desse cenário. “A Índia está bem posicionada para se tornar uma alternativa à China como fornecedora para os EUA no curto prazo”, avaliou Shilan Shah, economista de mercados emergentes da Capital Economics, acrescentando que as tarifas punitivas sobre a China “vieram para ficar”.

      Choque de demanda e efeitos colaterais

      Para a maioria dos economistas, a estratégia tarifária de Trump configura um “choque de demanda” para a economia mundial. Ao tornar as importações mais caras para empresas e consumidores norte-americanos, as medidas devem desacelerar a atividade global.

      O lado positivo, segundo alguns analistas, é que isso pode reduzir pressões inflacionárias, abrindo espaço para que bancos centrais adotem políticas de estímulo, como cortes de juros. O Banco da Inglaterra, por exemplo, é apontado como uma das instituições que podem se beneficiar dessa possibilidade já nesta semana.

      Resta saber, no entanto, se a ofensiva de Trump para reequilibrar o sistema comercial em favor dos Estados Unidos levará outras potências a modernizar suas próprias economias – como no caso de um possível aumento dos estímulos à economia doméstica por parte da China, ou de reformas estruturais nos países da zona do euro para eliminar entraves ao funcionamento pleno do mercado comum.

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