Reino Unido anuncia construção de submarinos nucleares e fábricas de munições em resposta à "ameaça russa"
Estratégia militar detalhada por Keir Starmer inclui novos investimentos em dissuasão nuclear e armamentos convencionais
247 - O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, revelou nesta segunda-feira (2) um amplo plano de rearmamento do Reino Unido, com a construção de até 12 submarinos de ataque nuclear e seis novas fábricas de munições.
A iniciativa faz parte do esforço do governo trabalhista para preparar o país frente ao que Starmer classificou como “a ameaça mais séria, imediata e imprevisível desde a Guerra Fria”. Segundo a RFI, ele citou diretamente a Rússia como um dos principais motivos da nova estratégia de defesa, que visa tornar o Reino Unido “pronto para o combate” e equipado “para as próximas décadas”.
Segundo o premiê, “estamos enfrentando uma guerra na Europa, novos riscos nucleares, ataques cibernéticos diários e a crescente agressão russa em nossas águas, que também ameaça nosso espaço aéreo”. Diante desse cenário, Starmer defendeu o reforço da dissuasão: “Quando somos diretamente ameaçados por Estados com forças militares avançadas, a maneira mais eficaz de dissuadi-los é estarmos preparados e, francamente, mostrar-lhes que estamos preparados para estabelecer a paz pela força”.
Entre os destaques do plano, está a substituição da atual frota de sete submarinos de ataque nuclear por até 12 unidades equipadas com armamentos convencionais. Esses novos submarinos serão desenvolvidos no âmbito da aliança Aukus, firmada com os Estados Unidos e a Austrália, e devem entrar em operação até o fim da década de 2030.
Além disso, o governo destinará £ 15 bilhões (cerca de R$ 115 bilhões) para o programa de ogivas nucleares do país, que Starmer chamou de “a garantia máxima de nossa segurança”. Paralelamente, a criação de seis novas fábricas de munições deverá ampliar a capacidade produtiva do setor e gerar aproximadamente mil empregos, com um orçamento adicional de £ 6 bilhões (R$ 46 bilhões) durante esta legislatura.
No final de fevereiro, o primeiro-ministro já havia anunciado que os gastos com defesa atingirão 2,5% do PIB em 2027 — um aumento significativo em relação aos atuais 2,3%. Starmer afirmou ainda que pretende elevar esse percentual a 3% após 2029, embora sem indicar uma data específica para atingir a meta.
No domingo (1), em artigo publicado no tabloide The Sun, Starmer também apontou Irã e Coreia do Norte como ameaças, além da Rússia. A China, por sua vez, foi deixada de fora da lista, em linha com os esforços recentes de Londres para melhorar os laços com Pequim após anos de tensão sob gestões conservadoras.
A estratégia de defesa, segundo o secretário de Defesa John Healey, “é uma mensagem para Moscou”. Healey reforçou à BBC que a Rússia representa uma ameaça crescente desde a invasão da Ucrânia em 2022. Ele também indicou que “uma forte dissuasão é absolutamente essencial para garantir a segurança” do Reino Unido, ao comentar sobre a possibilidade — mencionada pelo Sunday Times — de aquisição de aviões norte-americanos com capacidade de lançamento de mísseis nucleares.
Outro ponto central da nova política de defesa é a modernização tecnológica das Forças Armadas britânicas. O governo planeja adaptar seus meios militares ao uso de tecnologias emergentes, como drones e inteligência artificial. Também foi anunciada a criação de um novo comando cibernético, com foco tanto em capacidades defensivas quanto ofensivas.
Starmer concluiu que a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) seguirá como prioridade da política de defesa do Reino Unido, em meio à pressão dos Estados Unidos para que aliados europeus aumentem seus investimentos na área militar.
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