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      Família fundadora da Sadia reage à fusão entre BRF e Marfrig: "a relação de troca é indefensável"

      Adriano Fontana contesta valor atribuído às ações na operação e vê abuso de poder por parte do controlador da BRF

      (Foto: REUTERS/Nacho Doce)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A proposta de fusão entre BRF e Marfrig, anunciada em maio, ou a enfrentar forte resistência de parte relevante dos acionistas minoritários. A oposição é liderada por membros da família Fontana, herdeira do fundador da Sadia — empresa que deu origem à BRF. Em entrevista ao portal Pipeline, do Valor Econômico, Adriano Fontana expressou preocupação com a equação financeira da operação, que, segundo ele, está desequilibrada em prejuízo da BRF.

      “A relação de troca de 0,85 é indefensável sob qualquer ângulo. Nunca foi menor que 1 e, se olharmos intervalos de 90 dias ou 200 dias, apontaria um range de 1,34 a 1,83 ação da Marfrig para cada ação da BRF”, afirmou Fontana. Para ele, o negócio apresenta mérito estratégico, mas o desenho financeiro adotado na incorporação desvaloriza os acionistas da BRF e favorece desproporcionalmente a Marfrig.

      A família Fontana detém cerca de 3% das ações da BRF e tem articulado com outros investidores e herdeiros históricos da companhia uma frente de contestação à proposta. “A família é muito grande, já temos um grupo unido e estamos angariando outras pessoas”, disse Fontana.

      Pelo acordo proposto, os acionistas da Marfrig receberão dividendos de R$ 2,90 por ação, enquanto os da BRF terão direito a R$ 2,20 por papel. Após esse pagamento, a conversão prevê a entrega de 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF. De acordo com os cálculos de Fontana, esse arranjo embute um valor implícito de R$ 17,30 por ação da BRF — um desconto de 16% em relação ao preço de fechamento de R$ 20,62 em 15 de maio, véspera do anúncio da operação.

      Fontana também contesta os parâmetros utilizados para definir o valor das companhias. Conforme os documentos apresentados ao mercado, a BRF foi avaliada em R$ 23,32 por ação — um prêmio de 13% em relação à cotação anterior ao anúncio —, enquanto a Marfrig foi precificada em R$ 27,73 por ação, o que representa um prêmio de 34% e supera em 21% sua máxima histórica registrada no fim de abril.

      Outro ponto de crítica está na alavancagem das empresas. Fontana ressalta que, ao considerar os contratos de arrendamento, a dívida da Marfrig é cinco vezes maior que seu EBITDA, enquanto a da BRF é de apenas 0,9 vez. O valor de mercado da Marfrig já chegou a ser negativo quando se descontava sua posição em BRF.

      Apesar de a Marfrig ter seguido, ao menos formalmente, os princípios de governança corporativa, criando um comitê independente e oferecendo direito de retirada aos acionistas dissidentes, Fontana questiona a efetiva independência da estrutura. “São pessoas que trabalharam ao menos cinco anos com o Molina e não temos as informações sobre as interações desse comitê na discussão e definição de parâmetros”, declarou, referindo-se ao empresário Marcos Molina, controlador da Marfrig.

      Ele também critica o uso do parecer 35 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que, segundo ele, serve para legitimar o voto do controlador da BRF na assembleia que decidirá sobre a fusão. “O reembolso ao minoritário parece protetivo à primeira vista mas, na prática, é usado como fundamento para permitir que o controlador da BRF, justamente o maior beneficiário da fusão, vote na assembleia.”

      Para Fontana, o caso pode se tornar um marco negativo no mercado de capitais brasileiro. “Se não houver reação dos investidores institucionais, órgãos reguladores e do mercado em geral, o precedente que se estabelece será devastador: o de que basta cumprir a forma para se ignorar completamente o conteúdo.”

      Até o momento, a Marfrig não se manifestou publicamente sobre as críticas da família Fontana nem sobre os questionamentos em torno da independência do comitê e da metodologia da operação.

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