Ministros do STF veem ligação de Bolsonaro para Mourão antes de depoimento como 'ato de desespero'
Ex-mandatário tentou convencer senador a reforçar versão favorável a ele no âmbito do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado
247 - A ligação que Jair Bolsonaro (PL) fez para o senador Hamilton Mourão(Republicanos-RS) na véspera do depoimento deste ao Supremo Tribunal Federal (STF) causou forte reação entre integrantes da corte. De acordo com a coluna da jornalista Bela Megale, de O Globo, ministros do STF interpretaram o movimento do ex-mandatário como um “ato de desespero” diante do avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
Em entrevista ao Metrópoles, Mourão revelou que foi procurado por Bolsonaro na semana ada. O ex-mandatário teria feito o contato com o objetivo de conversar sobre a oitiva. Segundo Mourão, Bolsonaro lhe pediu que deixasse claro às autoridades que “nunca ouviu menção sobre golpe de Estado ou de ruptura democrática”.
A defesa do ex-mandatário, porém, sustenta versão diferente. O advogado Celso Vilardi afirmou que o contato teve caráter meramente informativo e que Bolsonaro teria apenas comunicado ao senador sobre o depoimento e solicitado sua presença. Vilardi negou qualquer tentativa de influenciar o conteúdo das declarações do parlamentar.
Ministros do Supremo relataram, sob condição de anonimato, que caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se haverá necessidade de esclarecer o episódio envolvendo Bolsonaro e Mourão. Ainda assim, ponderaram que o foco atual da Corte é acelerar o andamento do processo, e que o episódio, embora grave, não deve interferir no cronograma das ações.
O depoimento de testemunhas de acusação e defesa está em fase de coleta, e, na sequência, os próprios réus deverão se manifestar — entre eles, o próprio Jair Bolsonaro. O ex-mandatário é investigado por seu papel na articulação de um possível golpe contra a ordem democrática.
Nos bastidores, aliados de Bolsonaro demonstraram receio de que o gesto possa ser interpretado como tentativa de interferência no processo judicial e resultar em medidas cautelares mais duras, ou até mesmo em uma prisão preventiva.
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