Ex-diretor da Abin diz que emitiu alerta sobre risco de acampamentos golpistas antes do 8/1
Saulo Moura afirmou que relatórios de inteligência identificaram riscos em acampamentos e foram enviados antes da posse de Lula
247 - Durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) realizada nesta terça-feira (27), o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura, declarou ter produzido e enviado relatórios sobre possíveis ações golpistas antes dos ataques de 8 de Janeiro de 2023, em Brasília. As informações são do Metrópoles.
Saulo depôs como testemunha de defesa do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado e esforços para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo após a derrota nas urnas. A oitiva foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Segundo o ex-diretor, ainda durante o período de transição de governo, a Abin elaborou documentos de inteligência baseados no monitoramento de manifestações consideradas antidemocráticas. Os relatórios foram encaminhados à equipe de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Estávamos monitorando [as manifestações], porque havia manifestações antidemocráticas. Ainda no governo de transição, encaminhamos relatórios sobre essas manifestações extremistas, não só em Brasília, mas também em outros acampamentos de grande porte, como no Rio de Janeiro. Estamos falando de relatórios de inteligência, não de alertas”, afirmou.
Saulo destacou que, apesar da atuação da Abin, não recebeu comunicações oficiais de outros órgãos federais ou distritais sobre os acampamentos de apoiadores de Bolsonaro em frente a quartéis-generais. De acordo com ele, essas informações partiram exclusivamente da própria Abin.
O ex-diretor relatou ainda que, na noite do dia 7 de janeiro, véspera dos atos golpistas, surgiram informações indicando que os manifestantes planejavam se deslocar à Esplanada dos Ministérios no dia seguinte. “Ao longo da noite, essas informações chegaram. Quando acordamos no domingo [8/1], já sabíamos que havia mais de 100 ônibus. Nosso primeiro alerta, no dia 8 pela manhã, foi de que a manifestação ganhava porte. (Seriam) 100 ônibus, seriam mais de 5 mil pessoas”, disse. Ele acrescentou: “Esse número começou a chegar para a gente no dia 7. Até o dia 6, não tínhamos capacidade de avaliar o tamanho da manifestação”.
Outro depoimento relevante foi o do delegado da Polícia Federal (PF), Braulio do Carmo Vieira, também ouvido nesta terça-feira como testemunha de defesa de Anderson Torres. Vieira revelou que o ex-ministro da Justiça foi convocado diretamente por Jair Bolsonaro para participar de uma live realizada em julho de 2021, na qual o então presidente lançou suspeitas infundadas sobre as urnas eletrônicas.
“Houve uma convocação do presidente da República [para participar da live]. Houve desconforto pelo desconhecimento técnico do tema. Ele pediu a assessores que buscassem documentos sobre o tema [da live]”, relatou o delegado, que à época trabalhava no Ministério da Justiça sob comando de Torres.
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