Tebet celebra avanço em rotas de integração e defende ferrovia transcontinental com apoio da China

Por Guilherme Paladino, 247 - A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), destacou nesta segunda-feira (12), em discurso durante o fórum Brasil-China promovido pela ApexBrasil em Pequim, os avanços obtidos nos últimos 12 meses no processo de integração logística da América do Sul. A ministra, que há um ano esteve na China apresentando as propostas brasileiras de rotas para encurtar distâncias com o gigante asiático, afirmou que as cinco rotas de integração sul-americana estão hoje totalmente articuladas.

“Há um ano estive aqui apresentando à China e aos empresários locais as nossas rotas de integração sul-americana que visam encurtar as distâncias entre Brasil e China. Hoje apresento o quanto avançamos nesses 12 meses”, celebrou Tebet. Segundo ela, os países da América do Sul chegaram a um consenso: era preciso diversificar as saídas comerciais, aproveitando os portos do Pacífico para estreitar os laços com a China.

A ministra ressaltou que, com as cinco rotas agora integradas, o Brasil ganha uma vantagem estratégica para exportar e importar tanto pelo Atlântico quanto pelo Pacífico, reforçando sua competitividade logística.

Ferrovia transcontinental e o apoio chinês - Um dos pontos centrais da fala de Tebet foi o destaque dado à chamada “rota nº 3”, que a a ser considerada prioritária. A ministra mencionou conversas com o governo chinês focadas em um projeto ferroviário que conectaria o Atlântico ao Pacífico, cruzando a região conhecida como “celeiro do Brasil”.

“Vamos integrar a Bahia com o Porto de Chancay”, afirmou. Segundo ela, quando o presidente Xi Jinping esteve em Brasília para encontro com o presidente Lula (PT), a pauta da ferrovia foi uma das prioridades. “Focamos naquilo que o Brasil não pode fazer sozinho: precisamos de parceria com a China para ferrovias”, declarou. O Brasil espera, nos próximos 30 dias, um “sinal verde” do governo chinês para viabilizar o financiamento do projeto executivo da ferrovia.

Visão de longo prazo e apelo à cooperação - Tebet também reforçou a proposta do presidente Lula de construir um planejamento nacional com horizonte de 25 anos. “Lula apresentará neste ano o Brasil que queremos pelos próximos 25 anos. Queremos um Brasil mais próspero, dobrando o PIB per capita. Um Brasil mais justo, inclusivo e com mais oportunidades”, afirmou.

A ministra fez ainda uma defesa da abertura e da cooperação internacional, contrapondo a construção de barreiras com a ideia de pontes e avenidas. “No lugar de muros queremos construir pontes. No lugar de barreiras tarifárias, queremos abrir avenidas e construir um mundo que queremos, erradicando a miséria, a pobreza e a desigualdade social”, disse.

Sul Global, BRICS e PPPs - Ela destacou a importância do Brasil e do Sul Global nos arranjos multilaterais, especialmente com os BRICS, e ressaltou a necessidade de parcerias público-privadas internacionais. “Não temos orçamento suficiente para fazer tudo que precisamos. Por isso, estamos atrás de parceiros privados internacionais”, explicou.

Por fim, a ministra reforçou o papel do Brasil como potência agrícola, com capacidade de atender à demanda mundial por alimentos. “O Brasil está pronto para oferecer ao mundo o que o mundo precisa: alimento e alimento barato. E precisamos daquilo que vocês têm a oferecer”, completou.

Em tom humanista, Tebet encerrou sua fala com uma imagem simbólica: “a fotografia que todos queremos é uma só: garantir dignidade a todos do planeta Terra”.