"Esse programa é um sonho da minha vida", diz Lula sobre o "Agora Tem Especialistas"
Programa visa reduzir espera por diagnóstico e cirurgia no SUS. ‘O povo tem pressa e a doença não espera’, diz o presidente
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta sexta-feira (30) o programa "Agora Tem Especialistas", voltado à ampliação do o a consultas, exames e cirurgias especializadas no Sistema Único de Saúde. Durante a cerimônia, marcada por momentos de emoção e reflexões pessoais, Lula classificou a nova política pública como “um sonho da minha vida” e defendeu o direito da população mais pobre a um atendimento digno, com diagnóstico e tratamento no tempo certo.
“Queria que a gente conseguisse concretizar, Padilha. Acho muito importante você colocar a sociedade para tomar conta de um programa como esse, chamar os especialistas para tomar conta. O povo tem pressa, a periferia tem pressa e as pessoas das cidades menores têm pressa”, afirmou o presidente, ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT).
Homenagem a Nísia Trindade e crítica à lentidão no atendimento - Em sua fala, Lula abriu espaço para agradecer à ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade. “A Nísia fez um esforço quase que desumano para colocar esse programa em pé. Sei o quanto ela trabalhou, o quanto eu cobrei. [...] Metade disso aqui ou um pouco mais é responsabilidade da companheira Nísia”, disse o presidente, reconhecendo a contribuição da ex-ministra, cuja ausência no evento foi lamentada: "foi um erro meu não pedir para convocá-la", disse Lula.
Lula fez duras críticas à burocracia e à demora nas etapas do atendimento especializado no SUS. “O problema da sociedade é a segunda consulta”, resumiu. “Você vai no médico e ele fala que você tem um problema no coração. [...] Marca o cardiologista e só tem vaga para fevereiro do ano que vem. A doença não espera”, exemplificou.
Experiências pessoais e clamor por igualdade no cuidado - Lula compartilhou experiências pessoais para ilustrar as desigualdades no o à saúde. Ao relatar sua própria história de quando perdeu um dedo como operário, disse: “hoje tenho consciência de que eu não precisava ficar decepado como eu fiquei. Poderia ter tirado um pedaço só. Mas eu era um metalúrgico, cheguei no hospital cheio de graxa, o médico resolveu dar uma anestesia, arrancou o dedinho e acabou".
O presidente também relembrou o momento em que descobriu um câncer na garganta, em 2011, durante um exame no hospital Sírio-Libanês. “Dois dias depois eu já estava internado fazendo tratamento. [...] Eu fico imaginando quantas pessoas não têm direito a isso”, refletiu. Em seguida, relatou com lágrimas nos olhos o encontro com uma mulher com deficiência em Itajaí nesta quinta-feira (29), que o abraçou dizendo que não queria morrer sem vê-lo. "Ontem fizemos um ato em Itajaí e na despedida fui cumprimentar as pessoas com deficiência. E quando fui abraçar a mulher, ela falou assim para mim: ‘olha, eu vim aqui para te abraçar porque eu vou morrer. Eu já estou desenganada, então não queria morrer sem te abraçar’. Eu não tinha o que falar. Dei um beijo na mulher e falei ‘olha, você tem que ter fé, rezar muito e se cuidar, fazer tudo que o médico mandar’. Possivelmente essa mulher, que estava com uma cara de ser uma mulher muito humilde, ela não tenha feito um tratamento certo, não teve a consulta na hora certa e não descobriu a doença que ela tem na hora certa".
Uma nova etapa: da promessa à implementação - Lula destacou que, com a medida provisória que institui o "Agora Tem Especialistas" assinada, o texto agora segue para debate no Congresso. “A gente está anunciando o programa hoje [...] vai levando um tempo até a coisa se implantar”, itiu, pedindo apoio dos estados, municípios e da sociedade.
“Não vamos deixar esse programa falhar. [...] Vamos fazer com que o pobre se sinta gente”, apelou o presidente. Ele também reiterou a importância da participação popular e dos profissionais de saúde na consolidação do programa.
Um reforço à dignidade e à equidade - O "Agora Tem Especialistas" prevê uma série de ações para enfrentar o gargalo da atenção especializada, como mutirões com carretas de atendimento, ampliação do uso da telessaúde, contratação de especialistas, expansão da rede pública e credenciamento de hospitais privados. O objetivo é garantir que o tempo entre a consulta inicial e o início do tratamento não seja mais uma sentença de morte para os mais vulneráveis.
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