Letalidade policial cai 25% em SP após Tarcísio mudar de posição sobre uso de câmeras corporais
Entre janeiro e março, 158 pessoas morreram em decorrência de intervenção policial, enquanto no mesmo período de 2024 foram registradas 210 mortes
247 - A letalidade policial no estado de São Paulo caiu 24,7% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, conforme dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Entre janeiro e março deste ano, 158 pessoas morreram em decorrência de intervenção policial, enquanto no mesmo período de 2024 foram registradas 210 mortes. Além disso,segundo o Metrópoles, as estatísticas indicam uma redução no número de policiais militares mortos, que caiu de oito para quatro.
Essa diminuição na letalidade policial ocorre após o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) reconhecer uma crise na segurança pública, desencadeada por episódios de violência envolvendo PMs, e mudar sua postura sobre o uso de câmeras corporais. Durante sua campanha eleitoral de 2022, Tarcísio havia declarado que acabaria com o uso desses dispositivos, mas, em 5 de dezembro de 2024, ele reconheceu que estava "completamente errado" em sua posição inicial.
A mudança de postura aconteceu após uma série de críticas à corporação, derivadas de episódios violentos envolvendo policiais, tanto em serviço quanto fora dele. Entre os casos que ganharam grande repercussão na mídia, estão o de um homem lançado de uma ponte por um PM na zona sul da capital, o de agentes que agrediram uma mulher de 63 anos em Barueri, e o de policiais que espancaram um jovem negro em frente à sua casa na Grande São Paulo.
"Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que eu tive. Hoje estou plenamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. Vamos não só manter o programa, como também ampliá-lo", afirmou o governador na época.
Em 2024, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou liminarmente a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais com gravação ininterrupta por policiais militares de São Paulo. A decisão estabelece que o uso dos dispositivos deve ser obrigatório em operações de grande porte, como aquelas voltadas para a restauração da ordem pública, além de ações em comunidades vulneráveis ou em resposta a ataques contra PMs.
A medida foi tomada após um pedido da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que solicitava uma definição clara sobre quando a utilização das câmeras seria obrigatória. A decisão ainda determina que o programa de câmeras seja mantido até que se prove que os novos equipamentos adquiridos garantirão maior controle sobre a atividade policial e segurança nas operações.
Ainda conforme a reportagem, o objetivo do governo é implantar 12 mil câmeras. Atualmente, 10.125 equipamentos da Axon estão em funcionamento, distribuídos entre os batalhões da capital, da região metropolitana e do interior. O governo afirmou que esse total cobre 52% das unidades policiais do estado. Além disso, as câmeras devem ser estrategicamente alocadas nas regiões com maior índice de letalidade policial.
A decisão do STF também exige que o estado apresente uma matriz de risco detalhada para a alocação prioritária dos equipamentos, além de relatórios mensais sobre o andamento das medidas adotadas.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública ressaltou o compromisso com a proteção e valorização das forças policiais de São Paulo, destacando investimentos contínuos no fortalecimento das corporações, na ampliação do efetivo e na aquisição de novos equipamentos. A pasta informou que foram destinados R$ 743,2 milhões para a compra de equipamentos, infraestrutura e tecnologias, com o objetivo de aumentar a segurança e a eficiência do trabalho policial.
A SSP ainda afirmou que as forças de segurança do estado não toleram desvios de conduta ou excessos cometidos por policiais, assegurando punições rigorosas para tais ocorrências. Desde 2023, mais de 550 policiais foram presos, e 364 foram demitidos ou expulsos.
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