Empresa adota estratégia 'kamikaze' para emplacar em São Paulo; Nunes chama ação de “carnificina”

247 - A plataforma de transportes 99 entrou em conflito com a Prefeitura de São Paulo ao lançar o serviço de moto por aplicativo, mesmo diante de uma decisão judicial que suspende a modalidade na cidade. De acordo com informações do G1 e do UOL, a prefeitura baseia-se em um decreto de 2023 que proíbe a operação de mototáxis e motos por app, citando preocupacões com a saúde pública e o crescente número de acidentes fatais envolvendo motociclistas. No entanto, a 99 apoia-se em uma lei federal de 2012, que regulamenta esse tipo de serviço em nível nacional.

Durante um evento na Zona Sul da capital, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) manifestou-se duramente contra a atuação da empresa. “Esses desgraçados vão aqui e ganham dinheiro e ainda querem levar a vida das pessoas (...) Não usem isso pelo amor de Deus. Vai ser uma carnificina”, declarou. Ele também revelou que a cidade registrou 364 mortes de motociclistas em 2023 e que, no primeiro semestre de 2024, os óbitos aumentaram 37%, totalizando 329.

Uma estratégia ousada

A 99 parece seguir uma tática similar à adotada pela Uber em 2015, quando o UberX enfrentou forte resistência de taxistas e autoridades, mas acabou por transformar a legislação local. A estratégia é clara: operar ilegalmente para criar pressão popular e forçar a regulamentação.

Seguindo essa linha, o serviço de moto por app foi lançado em áreas periféricas da cidade, como Capão Redondo, Jaguaré, Tucuruvi e Guaianases. Em apenas dois dias, segundo a empresa, o serviço realizou 50 mil corridas. A maioria das viagens, de até 11 minutos e 6 km, teve como destino estações de trem ou metrô. A 99 aposta na adesão de moradores dessas regiões, que enfrentam maiores dificuldades de mobilidade, e evita chamar o serviço de mototáxi, termo que remete à proibição municipal.

Debate entre segurança e mobilidade

A Prefeitura de São Paulo reforça que a proibição tem respaldo em preocupações com a segurança. Dados recentes indicam um aumento significativo de acidentes fatais envolvendo motociclistas na cidade. Além disso, motocicletas flagradas operando o serviço ilegal estão sendo apreendidas.

Por outro lado, a 99 argumenta que o serviço está presente em várias cidades do Brasil, sem os problemas apontados pela prefeitura paulistana. A plataforma defende que o modelo oferece uma solução de transporte ível para a população de baixa renda, especialmente em tempos de aumento das tarifas de ônib